sábado, 5 de abril de 2025

FAZ-SE NECESSÁRIO VIVENCIAR O AMOR ÁGAPE


                                         Imagem disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/588845720031068425/>. Acesso em: 04 abri. 2025.
 

FAZ-SE NECESSÁRIO VIVENCIAR O AMOR ÁGAPE

Robinson L Araujo


Que amor é esse? Com o que ele se parece?

Segundo (KRAYBILL, 2017), o amor Ágape flui do Rei do reino. Se torna o novo modelo de governar. Sendo uma palavra grega, significa ‘amor incondicional’. Totalmente altruísta, supera paixão, amizade e benevolência, superando até mesmo o interesse próprio. Vai além de um sentimento altruísta - ele age – Ele ama aqueles que não são amáveis, até mesmo inimigos. Compaixão, generosidade, perdão, misericórdia – são a essência do Ágape.

Diante das características que devem acompanhar o amor Ágape, quero convidar você para fazermos uma reflexão em cima do, sendo: A Parábola do Filho Pródigo, em Lucas 15:11-32.

Nessa parábola, Jesus conta uma história para esclarecer o amor de DEUS. No enredo DEUS, pecadores e fariseus são retratos na história por um pai, um filho fugitivo e um irmão queixoso.

Assim, vemos um filho mais novo que, conforme costume judeu, tinha direito a um terço da propriedade de seu pai, que seria recebido por testamento na morte do pai ou, em vida por doação do pai, podendo usufruir somente após sua morte. Sendo uma forma de honrar o pai, na velhice, cuidando financeiramente dele. Não lhe era permitido esbanjar o que fora dado por seu pai em vida, enquanto ele tivesse vivo.

Diante de sua ânsia pela herança, acaba por violar alguns costumes culturais, como: Ele exige sua parte da propriedade antes da morte de seu pai – v.11, “quero a minha herança agora mesmo”; ele deixa e casa de seu pai e vai para outro lugar, esbanjando tudo que recebera, desprovendo assim, da possibilidade em ajudar seu pai na velhice, honrando-o com o próprio recurso de seu pai; com essa atitude, acaba tornando-se uma pessoa rude, tratando seu pai como estivesse morto – v.13, "Alguns dias depois, o filho mais jovem arrumou suas coisas e se mudou para uma terra distante, onde desperdiçou tudo que tinha por viver de forma desregrada”.

Após gastar toda a herança, ele passa a cuidar de porcos, mas não somente a cuidar de porcos, como também a se identificar com os mesmos quando, deseja se alimentar com alimentos que os animais recebiam, sendo um insulto cultural – v. 15-16, “Convenceu um fazendeiro da região a empregá-lo, e esse homem o mandou a seus campos para cuidar dos porcos. Embora quisesse saciar a fome com as vagens dadas aos porcos, ninguém lhe dava coisa alguma”. Além do trabalho ser proibido na cultura judaica, por serem os porcos imundos, eram considerados a própria morada dos demônios.

Agora, imagina a vergonha daquele pai! Vejamos o que (KRAYBILL, 2017, p. 243) nos informa:

Os escribas da aldeia seguramente zombavam dele. Por que, em primeiro lugar, ele, de forma tola, entregou a propriedade a seu filho sendo tão jovem? Os vizinhos devem ter desprezado o velho com gargalhadas. O filho tinha destruído a reputação, a estima e a honra de seu pai. Que vergonha! Esse pai jamais estaria novamente apto para a liderança na sinagoga.

Com certeza, aquele pai teria todas as ‘cartas nas mangas’ para se vingar do filho rebelde e desprovido de amor e sentimentos para com seu pai e família. Diante de um filho egoísta, tinha todo o direito de repudiar o filho, demonstrando ainda sua autoridade diante daqueles que acompanharam tal ato e acabavam criando fofocas.

Mas, não é isso que vemos. Esse pai era diferente dos costumes judaicos. Por um filho, ele passa a quebrar toda a rigidez da lei, ora escrita, ora falada. Não se preocupa com que as pessoas comentam! (KRAYBILL, 2017, p. 243), assevera-nos:

Porém, não este pai. Ele não se defende. Ele não retalia para proteger seu status social. Ele não corre atrás do filho com um grupo de busca. Ele dá a seu filho a liberdade de ir. Seu amor por seu filho é maior do que a própria necessidade de aprovação social. Além disso, espera pacientemente que seu filho volte. Ele nunca se esquece dele. Ele vai até o caminho todos os dias – esperando, observando, com esperança e expectativa.

Em meio a seus conflitos internos, sabendo de tudo o que poderia ocorrer com ele, o filho, no meio dos porcos, lembra de como era sua vida na casa de seu pai. Ele finalmente percebe a estupidez de seus caminhos e volta. Mas não volta tranquilo, esperava o pior. Como seu pai agiria depois de tamanha desonra? Os conflitos turbilhoavam em sua mente. Mesmo diante de tudo o que poderia acontecer, decidiu ir confessando seus erros, imploraria a seu pai, ao menos, fazê-lo como um simples servo. Seria uma vida bem melhor do que estava vivendo! – v. 17, "Quando finalmente caiu em si, disse: ‘Até os empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu estou aqui, morrendo de fome”.

Do outro lado, aquele pai, como judeu, poderia dar várias respostas para aquele filho rebelde, chamuscado de esterco de porcos, imundo fisicamente e culturalmente pela Lei. Tinha o direito de bater à porta na cara do filho. Poderia ter inúmeras reações, por honra e por estar protegido diante da lei. Afinal de contas, a desonra estava sobre o filho e não sobre ele.

De forma contrária as soluções justas e de senso comum, aquele pai vê seu filho retornando. É movido por compaixão, parecendo um tolo, acolhe o rebelde em casa, estendo um tapete vermelho para seu filho, por cada regra quebrada, conforme exemplifica (KRAYBILL, 2017, p. 244), vejamos:

1.    Ele não espera que o filho bata. Sua compaixão o obriga a correr – v. 20, "Então voltou para a casa de seu pai. Quando ele ainda estava longe, seu pai o viu. Cheio de compaixão, correu para o filho...”. Era considerado indigno que uma pessoa mais velha corresse. O pai não tinha ideia do que o filho diria. Correr para ele certamente assinalaria o endosso de seus vícios;

2.    Então o pai abraça o menino – v. 20, “... o abraçou”, quebrando outra regra de etiqueta social. Abraçar era uma vergonha para uma pessoa idosa. Ele estava recebendo um filho rebelde, coberto de esterco;

3.    Um beijo – v. 20, “... e o beijou”. O símbolo bíblico de perdão. O pai zera a conta. Ele recebe seu filho de volta do chiqueiro, não como escravo, não como empregado contratado, mas como um filho – v. 24, “pois este meu filho estava morto e voltou à vida. Estava perdido e foi achado!...”;

4.    O próximo sinal de boas-vindas anuncia o filho como um convidado de honra. A melhor túnica é colocada em torno dele – v. 22, "O pai, no entanto, disse aos servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa da casa e vistam nele”. Esta bela roupa era uma marca de alta distinção. Estava reservado para os convidados reais, não para os filhos desobedientes;

5.    O filho recebe uma aliança que simboliza a autoridade – v. 22, “Coloquem-lhe um anel no dedo”. Ele não retorna como um merecedor de liberdade condicional e estigmatizado, mas como alguém digno de poder e prestígio;

6.    Os sapatos que os servos colocaram em seus pés – v. 22, “...e sandálias nos pés”, também sinalizava seu alto status. Os homens livres usavam sapatos. Escravos andavam descalços. Este filho recuperado retornaria como uma pessoa livre. Os servos iriam servi-lo;

7.    Um bezerro gordo foi morto – v. 23, “Matem o novilho gordo”. Carne de gado era reservada para ocasiões especiais. O filho, que ontem comia com porcos, hoje tem bife no jantar;

8.    Não se ouve o som de chicote. Em vez disso, ouve-se a música e os dançarinos se apresentam – v. 23, “Faremos um banquete e celebraremos”. É hora de celebrar a ressurreição de um filho morto. Um pecador voltou para casa. Vamos festejar! (versos acrescentados).

 

Um pai surpreende a todos com a sua decisão de restituir – em seu caso ele nunca destituiu - a filiação para com um rebelde. Acreditando que todos ficariam felizes com a volta de seu filho, é assombrado com a fúria de outra pessoa que ele amava, que seria o herdeiro de dois terços de suas posses, o filho mais velho.

Os barulhos da festa surpreendem o filho mais velho quando ele retorna da labuta no campo naquela noite. Rapidamente pergunta – v. 25-27, “Enquanto isso, o filho mais velho trabalhava no campo. Na volta para casa, ouviu música e dança, e perguntou a um dos servos o que estava acontecendo. O servo respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, pois ele voltou são e salvo”! o insensato perdão do pai passa a ser ultrajante para ele

Uma festa para um bastardo? Como assim? Realmente meu pai deve estar louco! Passa a exigir de seu pai justiça e equidade, lamentando-se pela falta de reconhecimento por tudo aquilo que seu trabalho representava. Além, de ser um filho obediente, justo, respeitador e que não degradara os bens de seu pai que, mais tarde lhe pertenceria. Já não é seu irmão, como afirmara ao pai - v. 30, “mas quando esse seu filho volta...”, decidindo não participar da festa – v. 28, “O irmão mais velho se irou e não quis entrar. O pai saiu e insistiu com o filho”. Como os escribas e fariseus, ele se recusa a participar da festa, deixa de fazer parte do ‘gozo’ que pairava sobre o lar. Algo surreal para aquele lugar.

Assim é DEUS! Alguém surreal. Ele perdoa quando há arrependimento. Como aquele pai judeu, que não comia carne de porco por ser um alimento impuro, abre os braços e recebe seu filho impuro, aliado aos porcos, substituindo o impuro por algo puro, carne de gado. Ao invés de espancar o filho por seus atos perniciosos, o eleva ao mais respeitado lugar, convidado de honra.

Este é o amor de DEUS para conosco! Muitas vezes nos julgamos melhores do que os outros, como o filho mais velho, acabamos repudiando nosso semelhante por seus atos, que a nosso ver, os fazem impuros pois, afinal de contas, nós somos melhores.

Faz-se necessário a mudança de atitude de nossa parte. Agirmos como DEUS age, por um amor ilimitado, incondicional, sem amarras, transpirando a essência da natureza de DEUS – amor Ágape.

 

 

 

REFERÊNCIAS

Bíblia Nova Versão Transformadora. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/nvt/lc/15>. Acesso em: 05 abr. 2025.

KRAYBILL, Donald B. O Reino de Ponta Cabeça. Bragança Paulista/SP: Mensagem para todos, 2017.