segunda-feira, 18 de março de 2024

SALVOS PELA MARAVILHOSA GRAÇA


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Robinson L Araujo[1]


Exaustivamente pregado em nossos templos, por sermões que acabam comovendo o coração das pessoas que ora, buscam a salvação e sua possível potencialização por meros caprichos e penitências humanas.

Salvação essa que, em sua totalidade, é dada ao homem de forma gratuita, sem a manifestação de seus sacrifícios, a não ser, o ofertado na cruz do Calvário.  Uma Graça sem a necessidade de buscar sua possível ‘potencialização’, por intermédio das atitudes de obediência - aos homens - e em muitas vezes, penitencias/submissão que não tem poder de justificar a Graça e nem a potencializar.

Buscaremos, por meio da direção do Espírito Santo de DEUS, discorrer linhas que poderão nos levar a compreensão da Graça – se for possível sua compreensão.

Por anos, buscamos a aceitação de DEUS por meio de nossa maneira de viver, muitas vezes, como líderes, acabamos por manipular pessoas para o bem comum do lugar onde reunimos com o propósito de adoração. Ditamos as normas, corrigimo-las, apontamos erros, apresentamos regras e demais situações, com o objetivo claro de “agradar ao coração de DEUS”.

Faz-se necessário, compreender que, acaba-se dobrando aos poderes deste mundo. Com isso, a mente deformou o evangelho da Graça em cativeiro religioso e distorceu a imagem de DEUS à forma de um guarda-livros eterno e cabeça-dura (Manning, 2005).

A pergunta é: Ele, sendo DEUS, precisaria da ajuda humana, ditando regras com o propósito de agradar o Seu coração e, por piedade, venha derramar da Sua Graça redentora sobre nós?

A resposta é: NÃO.

 

1.              A GRAÇA É DE GRAÇA

Não se pode comprar a Graça. Com isso não podemos banalizar seu valor. Mesmo sendo de graça, houve um valor muito caro pago por ela, valor que não pode ser mensurado, devido ao sangue derramado por DEUS ao oferecer Seu único Filho, para que, pela Graça a humanidade pudesse ser salva.

Sendo assim, vejamos o que o Apóstolo Paulo, diz a Igreja de Efésios, capítulo 2, versos de 7-10:

7. DEUS fez isso para mostrar, em todos os tempos do futuro, a imensa grandeza da Sua Graça, que é nossa por meio do amor que Ele nos mostrou por meio de Cristo Jesus. 8. Pois pela Graça de DEUS vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por DEUS. 9. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês; portanto, ninguém pode se orgulhar de tê-la. 10. Pois foi DEUS quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Cristo Jesus, Ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que Ele já havia preparado para nós. (Bíblia de transformação Pessoal).

Ainda na versão Contemporânea – Bíblia A Mensagem, temos:

7. Agora DEUS nos tem onde sempre quis. Tanto neste mundo como no próximo, Ele quis derramar sobre nós graça e bondade, em Cristo Jesus. 8. A salvação foi ideia e obra dEle. Nossa parte em tudo isso é apenas confiar nEle o bastante para permitir que Ele aja em nossa vida. É um imenso presente de DEUS! Não somos protagonistas nessa história. Se fosse o caso, andaríamos por aí nos vangloriando do que fizemos. 9. Não! Nada fizemos, nem nos salvamos. DEUS faz tudo e nos salva. 10. Ele criou cada um de nós por meio de Cristo Jesus, e a Ele nos unimos nessa obra grandiosa, a boa obra que Ele deseja que executemos e que faremos bem em realizar.

Embora as Escrituras insistam que é de DEUS a iniciativa na obra da salvação – que pela Graça somos salvos, que é o formidável Amante quem toma a iniciativa – frequentemente nossa espiritualidade começa no eu, não em DEUS. A responsabilidade pessoal acaba por substituir a resposta pessoal. Fala-se tanto em adquirir a virtude como se ela fosse uma habilidade que pudesse ser desenvolvida, como uma bela caligrafia.

Diante disso, Manning (2005) afirma que a igreja institucional tornou-se alguém que inflige as feridas nos que curam, em vez de ser alguém que cura os feridos. Ela, igreja evangélica dos nossos dias, aceita a Graça na teoria, mas nega-a na prática. De modo geral o Evangelho da Graça não é proclamado, nem compreendido, nem vivido. Um número grande demais de cristãos, acabam por viver na casa do temor e não na casa do amor. A ênfase acaba sendo no que “eu” estou fazendo em vez de “no” que DEUS está fazendo.

 

2.              ETIMOLOGIA DA PALAVRA GRAÇA

O vocábulo graça provém do latim gratia, que deriva de gratus (grato, agradecido) e que em sua primeira acepção designa a qualidade ou conjunto de qualidades que fazem agradável a pessoa que as têm.

No hebraico, a palavra "graça" é traduzida como "חֵן" (chen). Esse termo está relacionado à bondade, ao favor e à benevolência. Também pode ser interpretado como um presente ou uma dádiva. No contexto bíblico, a graça de DEUS é frequentemente mencionada como um dom gratuito e incondicional.

A palavra grega χαρις charis é a base da maioria das traduções de “graça”. Charis ocorre mais de 170 vezes no Novo Testamento. Também era uma palavra comum no grego não bíblico. Em seu sentido mais básico, referia-se à aparência ou caráter agradável de uma pessoa, como em ‘charme’ ou ‘carisma’.

Embora charis não signifique necessariamente “favor imerecido”, Paulo fez dessa palavra a chave para sua teologia nesse sentido: “Mas, se [a eleição de DEUS] é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça.” (Romanos 11:6). A graça tem sua origem em DEUS, não em seus destinatários. É um dom puro de DEUS e, portanto, contrasta fortemente com as obras da lei: “mas Ele, em sua graça, nos declara justos por meio de Cristo Jesus, que nos resgatou do castigo por nossos pecados”. (Romanos 3:24). DEUS elege Seu povo não com base em seus méritos, mas os culpados recebem a graça e são perdoados com base na justiça de Cristo. A graça é recebida pela fé e acompanhada do arrependimento.

3.              INTERPRETAÇÕES HISTÓRICAS E TEOLÓGICAS SOBRE AS FUNÇÕES DA GRAÇA DE DEUS

É no Novo testamento que pode ser encontrado os princípios da Graça e da Fé, como Paulo declara: “O justo viverá pela Fé”, (Romanos 1:17). Uma citação extraída de Habacuque 2:4: “... o justo, porém, viverá por sua fidelidade a DEUS”.

Diante de tal argumento, o Apóstolo Paulo, acaba por ser um revolucionário ao afirmar, caso contrário, seria mero repetidor e sua doutrina seria comum. A agitação que ele causou, mostra que contradizia a teologia ortodoxia judaica, pois a mesma afirmava que a pratica dos mandamentos e as ordenanças da lei que seria o caminho para se obter a vida. Sendo assim, Paulo ensinava a doutrina da Graça, acompanhada pela Fé salvadora, conforme Efésios 2:8, citado à cima.

Para Agostinho[2], DEUS proveria tanto a Graça quanto a vontade para recebê-la, o que significa que tanto a Graça proveniente quanto a Graça eficaz dependem da soberana vontade de DEUS, e não da vontade do homem. A única maneira de alguém rejeitar a Graça divina é não ser uma pessoa em quem a Graça de DEUS não esteja operando, ou seja, não pertencer ao grupo dos eleitos.

John Tauler[3], promovia o Ascetismo (doutrina de pensamento ou de fé que considera a ascese, isto é, a disciplina e o autocontrole estritos do corpo e do espírito, um caminho imprescindível em direção a DEUS, à verdade ou à virtude). Como um agente que coopera com a Graça divina, garantindo a volta do homem a DEUS.

Por outro lado, Lutero[4] assumia uma posição paulina-agostiniana sobre a Graça de DEUS, sendo o maior elemento teológico isolado da Reforma Protestante. Entretanto, ele foi além do que fora Augustinho, pois negava a eficácia da vontade humana, como também a realidade do livre-arbítrio humano.

Já Calvino[5], tomava uma extrema posição paulina-agostiniana, expondo um sistema de rígida Predestinação. De acordo com o seu sistema, a Graça geral é negada, ao mesmo tempo que a Graça irresistível é enfatizada, mas somente no caso dos eleitos. Dentro de argumentos, esse evangelho peca por deficiência.

Melanchton[6], procurou suavizar a posição de Lutero, ensinando uma doutrina de Sinergismo, sendo três fatores que, supostamente estariam envolvidos na operação da Graça divina, sendo: o Espírito Santo, a palavra de DEUS e a vontade humana. Em oposição a essa ideia, tem-se o Monergismo, posição pregada por Lutero e Calvino. O termo Sinergismo vem diretamente do grego: syn, [com] e ergeein, [trabalhar], e, portanto, [trabalhar em cooperação com], com o envolvimento de vários elementos.

Suarez[7], criou o termo Congruísmo, a fim de descrever o seu conceito de como a livre decisão humana, referente à salvação, cede diante da vontade de DEUS, mediante a Graça divina. A Graça divina, infalivelmente, conduz o pecador a DEUS, mas ela não é incongruente com o livre-arbítrio do homem.

Já Jonatham Edwards[8], limita a Graça proveniente de DEUS exclusivamente aos eleitos. DEUS faria certos homens (os eleitos) crerem; os demais seriam deixados em sua incredulidade.

Por fim, A.E. Taylor[9], falava sobre a eterna iniciativa divina, mediante a qual DEUS busca os homens, devendo isso corresponder à iniciativa do indivíduo, - a cada pessoa em particular. E essa combinação é que leva a alma à imortalidade, soando como a ideia do Sinergismo.

 

4.              SALVOS PELA GRAÇA MEDIANTE A FÉ

Importante entender que a salvação, portanto, é um processo místico e não humano, produzido pelo Espírito Santo, que passa a habitar nos homens e ter comunhão com eles. Este é um produto da Graça, já que a lei jamais poderia proporcionar tal ato. Diante da afirmação, podemos concluir que a essência da doutrina da Graça é que DEUS é por nós e, mesmo sendo o homem contra Ele, ainda assim, Ele é pelo homem, por meio da entrega de Cristo Jesus (homem).

Hebreus 11:1, acaba afirmando o que seja Fé: “O fato essencial da existência é que esta confiança em DEUS, esta Fé é o alicerce sólido que sustenta qualquer coisa que faça a vida digna de ser vivida. É pela Fé que lidamos com o que não podemos ver”. (Bíblia A Mensagem). Assim, não basta ter somente uma Fé humana na relação da existência de DEUS, sem necessidade de qualquer tipo de obras. Por outro lado, a Fé não é a substância da salvação do homem, porquanto, sendo a justiça de DEUS que provoca a transformação metafísica segundo Jesus Cristo, afirmada em Romanos 3:21-24:

 21. Agora, porém, conforme prometido na lei de Moisés e nos profetas, DEUS nos mostrou como somos declarados justos diante dEle sem as exigências da lei: 22. somos declarados justos diante de DEUS por meio da Fé em Jesus Cristo, e isso se aplica a todos que creem, sem nenhuma distinção. 23. Pois todos pecaram e não alcançam o padrão da glória de DEUS, 24. mas Ele, em Sua graça, nos declara justos por meio de Cristo Jesus, que nos resgatou do castigo por nossos pecados. 

As obras da lei não oportuna o privilégio da Graça de DEUS. Entretanto, a Graça de DEUS, oportuna as obras da lei, na mediação da morte do ‘eu’ e a vida em ressurreição com Jesus Cristo. Sendo a essência da palavra Fé, acreditar naquilo que a consciência humana se limita a entender.

Sendo assim, a Fé acaba sendo mais um instrumento da salvação, que é pela Graça, não dependendo das obras e sim, do exercer Fé, alinhado as a transformação pessoal, caracterizando-se pelas obras na transformação de sua vida. E essa Fé, basicamente, indica a outorga ativa da própria alma aos cuidados de Cristo, com base no reconhecimento de Sua pessoa e das obrigações que Cristo impõe sobre os que exercem Fé.

Paulo ainda afirma ainda que, além de não vir do homem a possibilidade de ser salvo por suas obras, andando em conformidade com a lei, ela é um “dom de DEUS” ou, em outras traduções, sendo um “presente de DEUS” ao homem. Isso traduz-nos de que a salvação não é uma realização e sim, uma dádiva dada por DEUS ao homem.

Na expressão grega “... é dom/presente de DEUS...”, o vocábulo DEUS é o primeiro na sequencia de palavras, e isso, provavelmente, para efeito de ênfase: “... de DEUS” (tudo isso) é um dom. isso frisa a origem divina da salvação, em contraste com a origem humana da salvação postulada pelo sistema das obras da lei. Quando, por parte do homem, o ato de receber a salvação consiste somente da Fé, todos os outros meios, dos quais os homens estão habituados a depender, são eliminados. A Fé, pois, conduz o homem vazio até DEUS, a fim de que possa ser cheio das bênçãos de Jesus Cristo. E por isso Ele adiciona, ‘não de vós mesmos’ a fim de que, nada reivindicando para si mesmos, reconheçam somente DEUS como autor da salvação deles,

 

5.              VIVENCIANDO UMA METANOIA

Para compreender-se o raciocínio, a palavra Metanoia significa a ação de mudar de ideia ou pensamento, ou seja, deixar de seguir ou acreditar em determinada coisa para vivenciar um novo modo de enxergar a vida, por exemplo.

Do ponto de vista teológico, a Metanoia representa o processo de arrependimento e conversão do indivíduo para determinada doutrina. Consiste na reinterpretação que a pessoa tem da sua vida, seja moralmente, intelectualmente ou espiritualmente.

Entretanto, para a religião, a Metanoia é um processo constante e crescente que se inicia a partir do momento em que o indivíduo reconhece e aceita a sua Fé na doutrina que lhe foi pregada.

Faz-se necessário parar e refletir na graça que é oferecida nos púlpitos das congregações nos dias atuais. Algo está muito errado, afirma Manning (2005). Faz-se necessário convencer qualquer um que DEUS salva o homem sem precisar de ajuda.

No zelo de impressionar a DEUS, a luta pelo mérito de estrelas douradas, a afobação por tentar consertar a nós mesmos ao mesmo tempo em que se esconde a mesquinharia e chafurda-se na culpa não repugnante pra DEUS e uma negação aberta do Evangelho da Graça, atrelada na busca de multidões de fieis, bem como, a frenética busca de ‘seguimores’ em redes sociais, vituperam o verdadeiro sentido da Graça. Faz-se necessário ‘manter’ as pessoas debaixo de algo que os aprisionem, diante da possibilidade de serem livres.

Fyodor Dostoievski[10] em seu livro Crime and punishment, captou o choque do escândalo do Evangelho da Graça quando escreveu: “No último julgamento Cristo nos dirá: ‘Vinde, vós também! Vinde, bêbados! Vinde, vacilantes! Vinde, filhos do opróbrio!”. E dir-nos-á: “Seres vis, vós que sois à imagem da besta e trazem a sua marca, vindo, porém, da mesma forma, vós também! E os sábios e prudentes dirão: “Senhor, por que os escolhestes?” E Ele dirá: ‘Se os acolho, homens sábios, se os acolho, homens prudentes, é porque nenhum deles foi jamais julgado digno. E Ele estenderá Seus braços, e cairemos a Seus pés, e choraremos e soluçaremos, e então compreenderemos tudo, compreenderemos o Evangelho da Graça! Senhor, venha o Teu Reino!”.

Em Mateus 9:9-13, tem-se uma perspectiva para quem Jesus veio. Veja, na tradução da Bíblia A Mensagem:

9.  Enquanto caminhava, Jesus avistou um cobrador de impostos. Seu nome era Mateus. Jesus o convidou: “Venha comigo!”. Mateus levantou-se e passou a segui-lo.

10-11. Mais tarde, Jesus estava jantando na casa de Mateus com seus seguidores mais próximos, e um grupo de pessoas de má reputação se juntou a eles. Quando os fariseus viram Jesus no meio daquela gente, ficaram indignados e foram tomar satisfação com os discípulos: “Que exemplo está dando seu Mestre, andando com essa gente desonesta e essa ralé?”

12-13.  Jesus escutou a crítica e reagiu: “Quem precisa de médico: quem é saudável ou quem é doente? Pensem no significado deste texto das Escrituras: ‘Procuro misericórdia, não religião’. Estou aqui para dar atenção aos de fora, não para mimar os da casa, que se acham justos”.

A Graça deve ser bebida pura, sem nenhum tipo de bebida para facilitar a maneira que o homem acha que deve entender a graça de DEUS. Jesus se coloca na condição daquele que veio para os pecadores, para aqueles que são marginalizados, como Mateus na condição de cobrador de impostos e seus companheiros. Mas não somente para eles, como também: empresários, políticos, sem-teto, viciados, prostitutas, dentre outros. A essência observada é que Jesus não somente conversava com eles, Ele também, adentrava a casa, sentava-se a mesa e jantava com eles. Diferentemente dos burocratas religiosos que ostentam seus paramentos e a insígnia de sua autoridade para justificar a sua condenação à verdade e sua rejeição ao Evangelho da Graça. Pensando que a salvação pertence aos decentes e piedosos, àqueles que permanecem a uma distância segura dos becos da existência, cacarejando seus julgamentos sobre aqueles que a vida maculou.

Morton Kelsey[11] escreveu: “A igreja não é um museu para santos, mas um hospital para pecadores”. A Boa-Nova significa que podemos parar de mentir a nós mesmos. DEUS não apenas ama a cada um como é, mas também conhece a cada um como ele é. Sendo assim, não faz necessário aplicar maquiagem ou máscaras espirituais para fazer-se aceitável diante de DEUS. É possível reconhecer a posse da miséria pessoal, a impotência e carência.

Viver da Graça e pela Graça significa o reconhecimento de toda a história pessoal de vida, o lado bom e o lado ruim. Ao admitir o lado escuro, aprende-se quem se é realmente e o verdadeiro significado da Graça de DEUS.

Segundo (Manning, 2005, p. 25), ele assevera:

O Evangelho da Graça nulifica a nossa adulação aos televangelistas, superastros carismáticos e heróis da igreja local. Ele oblitera a teoria de duas classes de cidadania que opera em muitas igrejas americanas. Pois a Graça proclama a assombrosa verdade de que tudo é de presente. Tudo de bom é nosso não por direito, mas meramente pela liberdade de um DEUS gracioso. Embora haja muito que podemos ter feito por merecer – nosso diploma e nosso salário, nossa casa e nosso jardim, uma garrafa de boa cerveja e uma noite boa de sono caprichada – tudo é possível apenas porque nos foi dado tanto: a própria vida, olhos para ver e mãos para tocar, mente para formar ideias e coração para bater com amor. A nós foram-nos dados DEUS em nossa alma e Cristo na nossa carne. Temos o poder de crer quando outros negam; de ter esperança quando outros desesperam; de amar quando outros ferem. Isto e muito mais é pura e simplesmente de presente; não é recompensa a nossa fidelidade, a nossa disposição generosa, a nossa vida heroica de oração. Até mesmo a nossa fidelidade é um presente. “se nos voltamos para DEUS”, disse Agostinho, “até isso é um presente de DEUS”. Minha consciência mais profunda a respeito de mim mesmo é de que sou profundamente amado por Jesus Cristo e não fiz nada para consegui-Lo ou merece-Lo.

Henri Nouwen[12] observou que a maior parte da obra de DEUS no mundo talvez passe despercebida. Há uma série de pessoas que ficaram famosas e amplamente conhecidas pelos seus ministérios, mas grande parte da atividade salvífica de DEUS na nossa história pode permanecer ainda completamente desconhecida. Este é um mistério difícil de aprender numa era que atribui tamanha importância na publicidade. Tem-se a tendência de pensar que quanto mais pessoas sabem e falam a respeito de alguma coisa, mais importante ela deve ser.

O bom é que, o Evangelho da Graça grita em voz alta: somos todos mendigos, igualmente privilegiados, mas não merecedores, às portas da misericórdia de DEUS. Traduz o que o Apóstolo Paulo deixou em II Coríntios 12:9: “mas ele disse: "Minha graça é tudo de que você precisa. Meu poder opera melhor na fraqueza". Portanto, agora fico feliz de me orgulhar de minhas fraquezas, para que o poder de DEUS opere por meu intermédio”. Quaisquer que sejam nossas falhas, não se faz necessário baixar os olhos da presença de Jesus. Ele veio, não para os superespirituais, mas para os vacilantes e enfraquecidos que sabem que não possuem nada para oferecer, e que não são orgulhosos demais para aceitar a esmola da Graça admirável.

Qualquer igreja que não aceita que é formada por homens e mulheres pecaminosos, e que existe para elas, rejeitam implicitamente o Evangelho da Graça. A igreja deve estar constantemente consciente de que sua fé é fraca, seu conhecimento incompleto, sua profissão de fé hesitante, de que não há um único pecado ou falha do qual ela não seja de um modo ou de outro culpada. Embora seja verdade que a Igreja deva sempre se dissociar do pecado, ela não pode jamais ostentar qualquer desculpa para manter qualquer pecador distante. Se a igreja permanecer de modo farisaico distante dos fracassados, das pessoas irreligiosas e imorais, não poderá entrar justificada no Reino de DEUS.

 

6.              MARAVILHOSA GRAÇA (THIS IS AMAZING GRACE)

Assim, concluímos essa pequena dissertação relacionada a Graça de DEUS. Não se tem a possibilidade de esgotamento do assunto, por ser maior do que os pensamentos humanos. Entretanto, faz sentido a liberdade para reconhecer algum erro que venha afastar os necessitados da Graça da presença de DEUS.

Assim, fica o referido louvor para reflexão:

“Quem tem poder sobre o pecado? O seu amor é poderoso. O Rei da glória, o poderoso DEUS. A terra treme com Sua voz, e nos deixa maravilhado. O Rei da glória, o poderoso DEUS.

Maravilhosa graça. Teu amor que não falha. Tomou o meu lugar. Levou a minha cruz. Teu sangue me salvou. Minha dívida pagou. Jesus, eu canto porque hoje livre sou.

És quem traz paz ao caos do homem, és escudo aos indefesos. O Rei da glória, o poderoso Deus. Reina em justiça sobre as nações, a luz que brilha na escuridão. O Rei da glória, o poderoso Deus.

Digno é o Cordeiro de Deus. Digno é o Cordeiro que a morte venceu!

Maravilhosa graça. Teu amor que não falha. Tomou o meu lugar. Levou a minha cruz. Teu sangue me salvou. Minha dívida pagou. Jesus, eu canto porque hoje livre sou.

Jesus, eu canto porque hoje livre sou!

Jesus, eu canto porque hoje livre sou!”

 

REFERÊNCIAS

BRONKHORST, Hildert. O QUE É Graça? Disponível em: https://www.palavrabiblica.net/o-que-e-graca/. Acesso em: 17 mar. 2024.

CHAMPLIN, R. N. ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA TEOLOGIA E FILOSOFIA. Volume 2: D-G. São Paulo: Hagnos, 2006.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo: Volume 4: 1 Coríntios, 2 Coríntios, Galatas, Efésios. São Paulo: Hagnos, 2002.

MANNING, Brennan. Bíblia de Transformação Pessoal. Traduzido por Susana Classen. São Paulo: Mundo Cristão, 2015.

MANNING, Brennan. O EVANGELHO MAL TRAPILHO. Traduzido por: Paulo Purim. São Paulo: Mundo Cristão, 2005.

Maravilhosa Graça (This Is Amazing Grace). Comunidade da Graça. Disponível em: < https://www.letras.mus.br/comunidade-da-graca/maravilhosa-graca-this-is-amazing-grace/>. Acesso em: 17 mar. 2024.

PETERSON, Eugene H. A Mensagem|: Bíblia em Linguagem Contemporânea. São Paulo: Editora Vida, 2014.

WIKIPÉDIA. Disponívem em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal>. Acesso em: 17 mar. 2024.



[1] Pastor Protestante. Redes sociais: @vivendoemvidaplena – site: www.vivendoemvidaplena.teo.br

 

[2] Aurélio Agostinho de Hipona (13 de novembro de 354 – Hipona, 28 de agosto de 430), conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do cristianismo, cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental.

 [3] Johann Tauler (Estrasburgo, 1300 – 15 de Junho 1361), também conhecido como Johannes Tauler, Juan Taulero e Iuã Taulero, foi um frade dominicano alemão e um dos grandes místicos do cristianismo.

 [4] Martinho Lutero (em alemão: Martin Luther; Eisleben, 10 de novembro de 1483 – Eisleben, 18 de fevereiro de 1546) foi um monge agostiniano e professor de Catecismo Maior de Lutero

 [5] João Calvino (Noyon, 10 de julho de 1509 – Genebra, 27 de maio de 1564) foi um teólogo, líder religioso e escritor cristão francês.

 [6] Filipe Melâncton[1] (em alemãoPhilipp MelanchthonBretten16 de fevereiro de 1497 – Vitemberga19 de abril de 1560) foi um reformador,[2] astrólogo e astrônomo[3] alemão. Colaborador de Lutero, redigiu a Confissão de Augsburgo (1530) e converteu-se no principal líder do luteranismo após a morte de Lutero.

 [7] Francisco Suárez (Granada5 de janeiro de 1548 — Lisboa25 de setembro de 1617) foi um jesuítafilósofojurista espanhol. Ele foi um dos principais expoentes da Escola de Salamanca e considerado um dos maiores escolásticos após Tomás de Aquino

 [8] Jonathan Edwards (5 de outubro de 1703 - 22 de março de 1758) foi pregador congregacional, teólogo calvinista e missionário aos índios americanos,  sendo considerado um dos maiores filósofos norte-americanos. O trabalho teológico de Edwards é muito abrangente, com sua defesa da teologia reformada, a metafísica do determinismo teológico, e a herança puritana. 

[9] Alfred Edward Taylor (22 dezembro 1869 – 31 outubro 1945), geralmente citado como A. E. Taylor, foi um filósofo idealista britânico mais famoso por suas contribuições à filosofia do idealismo em seus escritos sobre metafísica, filosofia da religião, filosofia moral e os estudos de Platão.

[10] Fiódor Mikhailovitch Dostoiévsk. (Moscou11 de novembro de 1821 - São Petersburgo9 de fevereiro de 1881) foi um escritorfilósofo e jornalista do Império Russo. É considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história, bem como um dos maiores "psicólogos" que já existiram (na acepção mais ampla do termo, como investigadores da psiquê)

[11] Morton Kelsey (1917-2001) foi um padre episcopal, terapeuta junguiano , conselheiro e escritor religioso.

[12] Henri Jozef Machiel Nouwen (Nijkerk24 de janeiro de 1932 — Hilversum21 de setembro de 1996) foi um católico holandêsteólogopadre e escritor, autor de 40 livros sobre vida espiritual. Trabalhou na Universidade de Harvard, na Universidade de Yale e no Seminário Teológico de OntárioCanadá.


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