Robinson
L Araujo[1]
Sem sombras de
dúvidas, a cruz do calvário é capaz de nos trazer a libertação, como a
maldição. Libertação pela transformação que o sangue ora vertido, tem poder
para limpar nossos pecados. Maldição, pelo fato de uma vida eterna afastada da
presença de DEUS, caso não aceite o Poder que emana dela.
É
por meio da cruz que temos a possibilidade de nos tornarmos discípulos do
Mestre Jesus. Somos discípulos somente quando permanecemos sob a sombra da
cruz.
Vejamos a afirmação do Mestre: "Quem
se recusa a tomar sua cruz e me seguir não é digno de mim". (Mateus
10:38). Dietrich Bonhoeffer, mártir alemão, compreendeu o significado dessa
afirmação de Jesus e escreveu: "Quando Jesus chama alguém, pede-lhe que
venha e morra". Sendo assim, não temos nenhum direito ou possibilidade de
escolher um caminho diferente do que DEUS escolheu em Jesus. A cruz é o símbolo
da nossa salvação e o padrão para nossa vida.
Não foi por mero discurso que o Apóstolo
Paulo afirmou em Gálatas 2:20: "Fui crucificado com Cristo; assim, já não
sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Portanto, vivo neste corpo terreno
pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim".
Como discípulo de Cristo, as paixões do
mundo deixam de ser primazia e os desejos que passam a dominar meu coração, é o
fazer a vontade de DEUS, para que nenhum de Seus pequeninos se perca.
Para que nossas ações sejam de um
verdadeiro discípulo, Manning (2014) exorta-nos afirmando que, quando as nossas
crenças dogmáticas e os nossos princípios morais não se transformam em
discipulado, a santidade é uma ilusão. E o mundo não tem tempo para ilusão.
Bem interessante as palavras de MANNING
(2014. P. 34), quando afirma:
A piedade cristã popularizou o DEUS
apaixonado do Gólgota. A arte cristã transformou a atrocidade indescritível do
Calvário em joia majestosa. A adoração cristã sentimentalizou o escândalo
monstruoso em encenação sagrada. A religião organizada domesticou o Senhor da
glória crucificado, transformando-o em um símbolo subjugado. Considerada
relíquia da Igreja, a cruz não perturba a nossa religiosidade confortável. No
entanto, quando o Cristo crucificado e ressurreto, invés de permanecer ícone,
adquire vida e liberta-nos para o fogo que veio atear, ele produz mais devastação
que todo o conjunto de hereges, humanistas seculares e pregadores em causa
própria.
Sendo assim, Jesus ordena nada menos do
que colocar o nosso ego e os nossos desejos na cruz. Gálatas 5:24, o Apóstolo
Paulo afirma: "Aqueles que pertencem a Cristo Jesus crucificaram as
paixões e os desejos de sua natureza humana".
Hoje, muitas igrejas tentam eliminar o
risco e o perigo desse chamado. Para amortecer o risco e eliminar o perigo do
discipulado, elaboram uma lista de regras morais que nos dão segurança em vez
de insegurança santa. A Palavra da cruz - o Poder e a Sabedoria de Jesus
crucificado - manifesta-se por sua ausência. Esse é o foco da cruz, mudar
pessoas, afastando-nos dos valores deste mundo.
Cabe salientar que Jesus não morreu nas mãos
de desordeiros, estupradores ou assaltantes. Ele caiu nas mãos bem lavadas de
sacerdotes e advogados, estadistas e professores, os membros mais respeitados
da sociedade. João 19:17-18, nos confirma: "Carregando a própria cruz,
Jesus foi ao local chamado Lugar da Caveira (em aramaico, Gólgota). Ali eles o
pregaram na cruz. Outros dois foram crucificados com Jesus, um de cada lado e
ele no meio".
Por outro lado, quando o Jesus
crucificado não é proclamado nem vivido em amor, a Igreja torna-se uma
sociedade entediada e entediante. Não há poder, não há desafio, não há fogo.
Não há mudança. Tornamos monótono o que deveria ser extraordinário. O cristão
deve ser e transparecer sua paixão por Cristo e Sua cruz.
Não foi a toa que Jesus proclama para que
sejamos sal e luz. Vejamos Mateus 5:13-16:
13. “Vocês são o sal da terra. Mas, se o
sal perder o sabor, para que servirá? É possível torná-lo salgado outra vez?
Será jogado fora e pisado pelos que passam, pois já não serve para nada. 14.
“Vocês são a luz do mundo. É impossível esconder uma cidade construída no alto
de um monte. 15. Não faz sentido acender uma lâmpada e depois colocá-la sob um
cesto. Pelo contrário, ela é colocada num pedestal, de onde ilumina todos que
estão na casa. 16. Da mesma forma, suas boas obras devem brilhar, para que
todos as vejam e louvem seu Pai, que está no céu".
É sob a cruz que o homem atinge sua
hombridade, não se pode compartilhar a glória do Senhor ressurreto a não ser no
discipulado da cruz, afirma Jesus Means
Freedom[2].
Sendo assim, essa é a questão que cada um de nós precisa fazer a si mesmo. Quem
é Jesus? O que o discipulado envolve hoje? Pois o resto, não passa de delírio.
Salutar é o que o Apóstolo Paulo escreve
em I Coríntios 1:18-24:
18. A mensagem da cruz é loucura para os
que se encaminham para a destruição, mas para nós que estamos sendo salvos ela
é o poder de Deus. 19. Como dizem as Escrituras: “Destruirei a sabedoria dos
sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes”. 20. Diante disso, onde
ficam os sábios, os eruditos e os argumentadores desta era? Deus fez a
sabedoria deste mundo parecer loucura. 21. Visto que Deus, em sua sabedoria,
providenciou que o mundo não o conhecesse por meio de sabedoria humana, usou a
loucura de nossa pregação para salvar os que creem. 22. Pois os judeus pedem
sinais, e os gentios buscam sabedoria. 23. Assim, quando pregamos que o Cristo
foi crucificado, os judeus se ofendem, e os gentios dizem que é tolice. 24.
Mas, para os que foram chamados para a salvação, tanto judeus como gentios,
Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus.
Quando Jesus adentra em nossa vida com
Sua escandalosa cruz na forma de angustia mental, sofrimentos físicos e feridas
do espírito que não cicatrizam, oramos por coragem para permanecer firmes
contra o realismo insidioso do mundo, contra a carne e contra o Diabo.
Um belo plano empreendedor. Se, de fato,
a nossa vida fosse uma imitação da vida de Cristo, o nosso testemunho seria
irresistível. Se ousássemos viver sem nos preocupar com os interesses próprios;
se nos recusássemos a ser vulneráveis; se adotássemos de uma atitude de
compaixão perante o mundo; se fossemos uma contracultura ao desejo louco do
nosso país pelo orgulho da posição que ocupamos, do poder e dos bens materiais;
se preferíssemos ser fiéis a ser bem-sucedidos, as paredes da indiferença a
Jesus Cristo desmoronariam. Muitas pessoas seriam desprezadas pela sociedade;
mas centenas, milhares, milhões de servos como aqueles conquistariam o mundo.
Cristãos cheios da autenticidade, do compromisso e da generosidade de Jesus
seriam o sinal mais espetacular na história da raça humana. O chamado de Jesus
é revolucionário. Se nós o puséssemos em prática, mudaríamos o mundo em
questões de meses, afirma Branning (2014).
Sendo assim, o homem só é considerado
amante da cruz se isso o capacitar a ajustar as contas com os poderes e as
seduções do mundo, afirmou Ernst Käsemann[3].
Ao longo de toda Sua paixão, Jesus não
condenou ninguém. Ao longo de Sua vida, Suas palavras não foram proferidas para
culpar e envergonhar, acusar e condenar, subornar e rotular. O crucificado olha
diretamente para mim. Seus olhos estão cheios de sangue, lágrimas e dor, e Ele
mal consegue me ver. De repente, partindo de Seu coração ferido, Ele sussurra o
meu nome. Não se trata de um nome determinado. Simplesmente diz "Pedra
Branca, conforme Apocalipse 2:17: "“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o
que o Espírito diz às igrejas. Ao vitorioso, darei do maná escondido. Também
lhe darei uma pedra branca, e nela estará gravado um nome novo, que ninguém
conhece, a não ser aquele que o recebe.”.
Diante de tal fato, Paulo nos escreve:
"Sem dúvida, vocês são uma carta de Cristo, que mostra os resultados de
nosso trabalho em seu meio, escrita não com pena e tinta, mas com o Espírito do
Deus vivo, e gravada não em tábuas de pedra, mas em corações humanos". (II
Coríntios 3:3).
O poder da cruz foi transmitido ao homem
pelo próprio Jesus, dando-lhe vida eterna, conhecimento de DEUS e o conhecimento
do próprio Jesus, vejamos João 17:13,:
1. Depois de dizer todas essas coisas,
Jesus olhou para o céu e orou: “Pai, chegou a hora. Glorifica teu Filho, para
que ele te glorifique, 2. pois tu lhe deste autoridade sobre toda a humanidade.
Ele concede vida eterna a cada um daqueles que lhe deste. 3. E a vida eterna é
isto: conhecer a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste
ao mundo.
O está consumado, ainda sussurra em nosso
meio, quando observado e escrito pelo Apóstolo João 19:30: (...“Está
consumado”. Então, inclinou a cabeça e entregou o espírito.).
A Mensagem da cruz deve trazer para cada
um que se diz cristão a possibilidade da crucificação com o próprio Senhor. I
João 5:18-20, nos apresenta três características dessa mensagem, sendo:
18. Sabemos que os nascidos de Deus não
vivem no pecado, pois o Filho de Deus os protege e o maligno não os toca.
19. Sabemos que somos filhos de Deus e
que o mundo inteiro está sob o controle do maligno.
20. E sabemos que o Filho de Deus veio e
nos deu entendimento para que conheçamos ao Deus verdadeiro. Agora, vivemos em
comunhão com o Deus verdadeiro, porque vivemos em comunhão com seu Filho, Jesus
Cristo. Ele é o Deus verdadeiro e é a vida eterna.
O poder da Cruz é o
poder de transformação, que nos dá a possibilidade de caminhamos em Vida Plena
sob sua sombra.
REFERÊNCIAS
Bíblia Nova Versão
Transformadora. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/nvt>.
Acessado em: 24 nov. 2020.
MANNING, Brennan. A
assinatura de Jesus: o chamado a uma vida marcada por paixão santa e fé
inabalável. Traduzido por Maria Emília de Oliveira. 1 ed. São Paulo: Editora
Vida, 2014.
[1] Pastor, Discípulo de Cristo - e-mail: robinson.luis@bol.com.br - redes sociais: @prrobinsonlaraujo - 24/11/20
[2] É um
livro que afirma com rigor a liberdade da pessoa cristã e, com o mesmo rigor,
refuta aqueles que restringem ou negam essa liberdade em nome da ortodoxia
cristã. O autor - Ernst Käsemann - cujas percepções foram moldadas pelas
agonias de servir como pastor durante os anos de Hitler na Alemanha,
[3] Ernst
Käsemann foi um teólogo luterano alemão e professor do Novo Testamento em
Mainz, Göttingen e Tübingen
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