Robinson L Araujo[1]
O Evangelho de Cristo por meio da cruz caracteriza-se pelo
Poder transformador na vida daqueles que aceitam a se submeterem ao discipulado
do Mestre, à sombra da Cruz. Transformando medo em ousadia; pavor em clamor.
Importante que nos reportemos a Igreja
primitiva, sem placas ou dirigida por uma doutrina, a não ser do
arrependimento, que era anunciado pelos apóstolos, como por exemplo, a passagem
de Atos 3:36-39, que afirma:
36. “Portanto, saibam com certeza todos
em Israel que a esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!”.
37. As palavras partiram o coração dos que ouviam, e eles perguntaram a Pedro e
aos outros apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?”. 38. Pedro respondeu:
“Vocês devem se arrepender, para o perdão de seus pecados, e cada um deve ser
batizado em nome de Jesus Cristo. Então
receberão a dádiva do Espírito Santo. 39. Essa promessa é para vocês, para seus
filhos e para os que estão longe, isto é, para todos que forem chamados pelo
Senhor, nosso Deus”. Atos 2:36-39
O Evangelho, contrário do que muitos
anunciam, como por exemplo: revelações de CRF's das pessoas que buscam um
milagre, que ora fora anunciado na conferência de determinado
"evangelistas"; O "pastor" que irá curar e trazer bênçãos
materiais sobre sua vida e por aí, a caminhada é longa e exaustiva se tentarmos
escrever aqui.
Aqueles homens anunciavam:
ü Jesus crucificado se tornou Senhor e
Cristo;
ü A Mensagem anunciada tinha o poder de
adentrar ao coração dos ouvintes e queriam uma transformação;
ü O arrependimento era a chave para ser
salvo e os pecados serem redimidos;
ü O batismo que anunciava para aqueles que
assistiam, o compromisso de mudança do estilo de vida;
ü Está aberta a todos e não a um grupo
reduzido de pessoas.
O reconhecimento do discípulo de Jesus,
não vem por imposição e sim, por reconhecimento daqueles que veem a
transformação e a ousadia que caminham juntos na anunciação do Evangelho do
Reino. Em Atos 4:10-13, após a cura de um aleijado à porta do templo por Pedro
e João, sendo eles indagados pelos líderes, podemos perceber a ousadia da
anunciação do Evangelho. Vejamos:
10. Saibam os senhores e todo o povo de
Israel que ele foi curado pelo nome de Jesus Cristo, o nazareno, a quem os
senhores crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos. 11. Pois é a
respeito desse Jesus que se diz: ‘A pedra que vocês, os construtores,
rejeitaram se tornou a pedra angular’. 12. Não há salvação em nenhum outro! Não
há nenhum outro nome debaixo do céu, em toda a humanidade, por meio do qual
devamos ser salvos”. 13. Quando os membros do conselho viram a coragem de Pedro
e João, ficaram admirados, pois perceberam que eram homens comuns, sem
instrução religiosa formal. Reconheceram também que eles haviam estado com
Jesus.
Ainda
eles afirmam, mesmo sendo ameaçados: "Não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos!”. (Atos
4:20).
E a
transformação que o Evangelho traz ao homem, o condiciona a busca de uma
comunhão com seus irmãos, bem como, a necessidade de ajudar e compartilhar com
aqueles que não possuem condições financeiras, Vejamos:
32. Todos os que creram estavam unidos em
coração e mente. Não se consideravam donos de seus bens, de modo que
compartilhavam tudo que tinham. 33. Com grande poder, os apóstolos davam
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e sobre todos eles havia grande
graça. 34. Entre eles não havia necessitados, pois quem possuía terras ou casas
vendia o que era seu 35. e levava o dinheiro aos apóstolos, para que dessem aos
que precisavam de ajuda. Atos 4:32-25
Importante salientar que o pecado é o
ponto de partida de todo distanciamento social. Todo pecado, inclusive de
pensamento, deixa sua marca na estrutura psiquica da alma humana. Todo pecado
do qual não nos arrependemos obscurece sinistramente a verdadeira honestidade.
Na
Bíblia de Transformação Pessoal, MANNING (2015, P. 1276) acaba por trazer a
seguinte reflexão de vida:
A
Igreja primitiva foi construída por pequenos grupos de pessoas que se reuniam
para apoiar umas às outras em um modo de vida inteiramente novo. Essas
comunidades primitivas eram prova visível de uma alternativa para o status quo de sua cultura. Hoje,
precisamos de pequenos grupos de pessoas que levem o Evangelho a sério, que
percebem o que DEUS está fazendo em nosso tempo e que sejam prova viva do que
significa estar no mundo sem ser do mundo. Essas comunidades "de
base" ou igrejas de bairros devem ser pequenas o suficiente para que haja
intimidade, coesas o suficiente para que haja aceitação e amáveis o suficiente
para que haja espaço para críticas. A comunidade reunida em nome de Jesus nos
capacita para encarnar em nossa vida aquilo que cremos em nosso coração e
aquilo que proclamamos com nossos lábios.
Acredito que o ponto central da cruz,
além de Jesus morto e ressurreto, é a unidade que ele trás em nossas vidas. O
problema é que, nós, por nossa ganância, egoísmo e egocentrismo, deturpamos o
viver da Igreja primitiva. Os apóstolos não anunciavam o dia de cura e
restauração, somente pela sobra deles, em suas caminhas, quando projetada na
vida dos enfermos, era capaz de curar. Não porque eram melhores que os outros e
sim, a transformação e o compromisso que tinham com Cristo.
Não tinham o interesse pessoal e
financeiro, simplesmente davam aquilo que receberam pela graça, com custo de
Sangue! O Livro de Atos 5:12-16, nos afirma exatamente como era o comportamento
daquelas pessoas. Vejamos:
12. Os apóstolos realizavam muitos sinais
e maravilhas entre o povo. Todos se reuniam regularmente no templo, na parte
conhecida como Pórtico de Salomão. 13. Quando se reuniam ali, ninguém mais
tinha coragem de juntar-se a eles, embora o povo os tivesse em alta
consideração. 14. Cada vez mais pessoas, multidões de homens e mulheres, criam
no Senhor. 15. Como resultado, o povo levava os doentes às ruas em camas e
macas para que a sombra de Pedro cobrisse alguns deles enquanto ele passava.
16. Muita gente vinha das cidades ao redor de Jerusalém, trazendo doentes e
atormentados por espíritos impuros, e todos eram curados.
A
pergunta aqui não seria: "Posso Curar?" e sim: "Deixaria que o
poder restaurador de Cristo ressurreto flua por meio de minha vida para
alcançar e a tocar outros, de modo que eles também possam sonhar, lutar,
permanecer firmes e correr a onde os valentes não ousam ir?"
João
Crisóstomo[2]
(1962), pai da Igreja primitiva escreveu:
Quando
o homem procura sinais e sabedoria e não recebe as coisas que busca, mas ouve o
contrário daquilo que procura, e depois tem a mente mudada por esses
contrários, isso não mostra o poder indescritível daquele cujo nome está sendo
proclamado?
Mesmo
em um estudo superficial da história da Igreja, ela revela que o Espírito de
DEUS sopra com a força de um furacão apenas por meio daqueles profetas e
amantes da verdade que se rendam a loucura da cruz. Se existe sabedoria
superficial e pouco poder na nossa adoração e no nosso ministério, creio que, é
porque poucos de nós nos entregamos ao que Paulo chama de morrer todos os dias
para todas as formas de egocentrismo, incluindo a auto promoção e a
autocondenação. Manning (2014).
Por
outro lado, também, devemos entender que poucos querem ouvir a pregação de um
Cristo crucificado, que nos convida a estamos crucificado junto com Ele. A preferência é por um Cristo agente da
mudança social; ou o revolucionário; ou o Mestre do relacionamento interpessoal
que vai ajudá-los a fazer amigos e influenciar pessoas. Ninguém quer ouvir
falar sobre um Cristo pregado no madeiro que diz: "Mudem de vida; Sigam em
uma nova direção; Siga-me e se submeta a um discipulado radical, uma
Metanoia!"
A
imitação de Cristo que somos convidados a por em prática, é aquela não de um
herói morto e sim, da que Cristo vive no cristão, e o cristão vive no Cristo
ressurreto por meio de Seu Espírito Santo.
O
estilo de vida que os apóstolos foram inseridos e que, somos convidados a viver
é que, ao olharmos para aquela cruz, passamos a entender que na Sua paixão e morte,
Jesus sentiu a minha e a sua dor, e tomou-as para Si. Isaías 53:5 já
proclamara: "Mas Ele
foi ferido por causa de nossa rebeldia e esmagado por causa de nossos pecados.
Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados e recebeu açoites para que
fôssemos curados".
O
que acontece nesse encontro com o Crucificado é que participamos de algo que já
aconteceu, a nossa união com Jesus e tudo o que ela implica: o fato dEle
assumir toda dor, ansiedade, medos, vergonha, autodepreciação e
desencorajamento.
Não
há meio de curar as feridas que carregamos, a não ser por meio do amor de Jesus
que perdoa setenta vezes e não mantém registros dos nossos erros.
Contorcendo-se
de dor na cruz, Jesus disse: "Conheço cada momento de pecado, egoísmo,
desonestidade e amor degradado que desconfigurou sua vida, e não o julgo
indigno de compaixão, perdão e salvação. Agora, faça o mesmo com os outros. Não
julgue ninguém.
Henri
Nouwen[3]
(1995), afirmou:
Somente
quando reivindicamos o amor de Cristo crucificado com convicção sincera, esse
amor que transcende de todos os julgamentos, é que venceremos todo o medo do
julgamento. Quando nos livramos completamente da necessidade de julgar os
outros, somos completamente libertados do medo de ser julgados. A experiência
de não ter que julgar não pode coexistir com o medo de ser julgado, e a
experiência do amor não julgador da Salvador crucificado não pode coexistir com
a necessidade de julgar os outros.
Somente
pelo Evangelho vertido daquela cruz, tem-se a possibilidade de uma mudança
radical de vida, deixando as coisas velhas para trás e, tendo a possibilidade
de se escrever uma nova página em nossa caminhada.
A
Igreja primitiva é um exemplo para que, voltemos a nossa origem, deixando para
trás o julgamento o qual, a DEUS e somente a Ele pertence.
Somente
assim, teremos a possibilidade de caminharmos em Vida Plena.
REFERÊNCIAS
Bíblia Nova Versão
Transformadora. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/nvt>.
Acessado em: 24 nov. 2020.
MANNING, Brennan. A
assinatura de Jesus: o chamado a uma vida marcada por paixão santa e fé
inabalável. Traduzido por Maria Emília de Oliveira. 1 ed. São Paulo: Editora
Vida, 2014.
[1] Pastor, Discípulo de Cristo - e-mail:
robinson.luis@bol.com.br - redes sociais: @prrobinsonlaraujo - 26/11/20.
[2] The Sermons of Jonh
Chrysostom. In.: MONTAGUE, George. The Living Thought of St. Paul. Englewood, NJ: Prentice Hall, 1962. P.
78. - João Crisóstomo foi um arcebispo de
Constantinopla e um dos mais importantes patronos do cristianismo primitivo.
[3] Henri
Jozef Machiel Nouwen foi um católico holandês, teólogo, padre e escritor, autor
de 40 livros sobre vida espiritual.
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