terça-feira, 24 de setembro de 2019

OS ESTUPROS ESPIRITUAIS ACABAM POR SUBTRAIR QUALQUER ALEGRIA



Robinson L Araujo[1]


Talvez você acabe por julgar-me, em referência ao titulo que abordaremos nessa reflexão. Um abuso provocado pela razão na vida espiritual. Também, não poderei lhe julgar. Foi a mesma reação que senti ao me deparar com a frase de Paranaguá (2017, p. 21), quando afirmou: "Obediência Forçada é um estupro espiritual, que subtrai qualquer alegria".

É importante que se tenha a definição de estupro, sendo: "Crime que consiste na ação de forçar alguém a praticar relações sexuais contra a sua própria vontade"[2]. Sendo sinônimo de violação, forçamento.

Geralmente, o estupro está relacionado e associado ao sexo sem consentimento. Sexo é bom, quando realizado por pessoas que se entregam, de forma voluntária, explorando seus hormônios, desejos e prazeres. É consensual, é a soma de dois em um. Não age de maneira violenta ou agressiva, surge do desejo intimo de cada um.

Já o estupro é algo forçado, geralmente cometido por violência e podendo acontecer não somente com pessoas desconhecidas, mas também, com pessoas próximas e até mesmo com aquelas que se mantém um relacionamento sexual ativo. Passando do limite do consentimento mútuo. Quando ocorre, ao invés de prazeres: repúdio, dor, sofrimento, constrangimento e até mesmo culpa.

Mas, seria possível existir a "ameaça", o "forçamento" espiritual, ao ponto de se tornar em um "estupro", retirando a alegria que deveria estar na alma/espírito, substituindo pela tristeza, peso, medo, incapacidade...? Para que possamos começar a entender a gravidade de tal ação, faz-se necessário que cheguemos a Abraão e Sara.  

Em primeiro lugar, vamos a promessa, Gênesis 12:1-4:

1. O Senhor tinha dito a Abrão: “Deixe sua terra natal, seus parentes e a família de seu pai e vá à terra que eu lhe mostrarei. 2. Farei de você uma grande nação, o abençoarei e o tornarei famoso, e você será uma bênção para outros. 3. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem. Por meio de você, todas as famílias da terra serão abençoadas”. 4. Então Abrão partiu, como o Senhor havia instruído, e Ló foi com ele. Abrão tinha 75 anos quando saiu de Harã.

DEUS surpreende e escolhe Abrão, um homem de setenta e cinco anos, informando-lhe que por meio dele, formaria uma nação e que seria uma benção para os outros, incluindo às famílias da terra.

Uma observação importante é que ele já tinha 75 anos, uma pessoa que provavelmente esteja sem possibilidades de satisfação sexual, principalmente naquela época em que a medicina era limitada, não havendo reposição hormonal, pílula "azul", ou algo que provocasse o apetite sexual em Abrão.

Abraão não tinha filhos, em Gênesis 15:2, ele responde ao Senhor, dizendo: " Abrão, porém, respondeu: “Ó Senhor Soberano, de que me adiantam todas as tuas bênçãos se eu nem mesmo tenho um filho? Uma vez que não me deste filhos, Eliézer de Damasco, servo em minha casa, herdará toda a minha riqueza. E no verso 4, o Senhor lhe afirma: " O Senhor lhe disse: “Não, não será esse o seu herdeiro; você terá seu próprio filho, e ele será seu herdeiro”.

Já no capítulo 16 de Gênesis, o homem tenta ajudar a DEUS, impedindo que o sobrenatural acontecesse e agindo de forma carnal e humana. No verso 1 e 2, está escrito: "O Senhor lhe disse: “Não, não será esse o seu herdeiro; você terá seu próprio filho, e ele será seu herdeiro”. Sarai disse a Abrão: “O Senhor me impediu de ter filhos. Vá e deite-se com minha serva. Talvez, por meio dela, eu consiga ter uma família”. Abrão aceitou a proposta de Sarai".

Sarai, uma mulher estéreo, já em sua velhice, procura uma solução humana para a benção Divina, aquela "mãozinha" que o homem sempre tenta dar a DEUS. Ela sabia que não poderia dar a luz em virtude de problemas em seu corpo, sendo assim, oferece sua "criada" - naquela época, a mulher não sendo fértil, poderia conceder a seu marido, uma criança através de sua criada - e Abrão, não sendo bobo, aceita, pois, talvez ainda lhe restasse um pouco de "prazer". Fato que, com 86 anos, Hagar gera um filho para Abrão e batizam-no de Ismael, registrado no verso 16.

Mas, não é desta maneira que DEUS age na vida do homem, principalmente quando há uma promessa. DEUS age no sobrenatural, quando o homem não pode fazer. Como explicar um ato sexual se você nunca experimentou?  Como relatar seus prazeres e emoções se nunca aconteceu? Lembre-se que, se formos forçados a experimentar, deixa-se o consensual, partindo-se para o cometimento do "estupro".

Quando o Senhor quer que experimentemos de seus "prazeres", desejos, transportando-nos além das sensações que já experimentamos, Ele usa de seus métodos e toma por completo, envolvendo a pessoa de forma sobrenatural e dócil.

No capítulo 17, verso 1 do livro de Gênesis, afirma que: "Quando Abrão estava com 99 anos, o Senhor lhe apareceu e disse: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso. Seja fiel a mim e tenha uma vida íntegra". DEUS chega ao homem, não importando a idade e nem às condições, sejam elas quais forem. O Senhor, novamente aparece a Abrão e lhe disse aos 99 anos de idade que ele seria pai de uma grande nação e a sua benção não estava no filho gerado pela natureza humana e sim pela sobrenatural graça na natureza humana.

Com certeza, aos 99 anos, Abrão realmente não teria possibilidades de gerar um filho. Quando lemos o verso 6 do capítulo 17, o Senhor afirma a Abrão: " Eu o tornarei extremamente fértil. Seus descendentes formarão muitas nações, e haverá reis entre eles". Olhando Sarai, sua mulher que era estéril e agora, com 90 anos, Abrão acaba rindo de DEUS, vejamos: " Abraão se prostrou com o rosto no chão e riu consigo. Pensou: “Como eu, aos 100 anos, poderia ser pai? E como Sara, aos 90 anos, teria um filho?”. Algo impossível que para DEUS torna-se possível.

Tudo começa com uma aliança, um início, um marco, como no casamento. DEUS muda o nome deles e passam a se chamar Abraão e Sara. No capítulo 21 de Gênesis, DEUS cumpre a Sua promessa, vejamos os versos de 1 a 3: "1. O Senhor agiu em favor de Sara e cumpriu o que lhe tinha prometido. 2. Ela engravidou e deu à luz um filho para Abraão na velhice dele, exatamente no tempo indicado por Deus. 3. Abraão deu o nome Isaque ao filho que Sara lhe deu".

Os prazeres advindos por meio do Espírito Santo de DEUS é algo sobrenatural, que a mente humana não pode explicar, ele sente e quer mais, comparado a um "orgasmo". Você não pode obrigar a pessoa a sentir os prazeres de um "orgasmo", mas, mutuamente em reciprocidade com o Espírito que o conduzirá.

Ainda Paranaguá (2017, p. 20), afirma-nos: "Faz-se necessário o saber discernir o que é alegria advinda de um espírito liberto e o riso promovido por uma alma com cócegas. A alegria dos santos de DEUS é graça sobre graça, alegria dos justos morais é apenas por gracejo".

O discernimento é pessoal. É aqui onde quero que você entenda o título que estamos discorrendo. É pasmo quando pessoas querem que você sinta o desejo/prazer que elas estão sentindo. O prazer é pessoal, o alcançar o ponto "G" é divino. Muitos gritam, outros se retraem, existem aqueles que somente fecham os olhos e sentem o inexplicável.

Alguns se colocam como julgadoras de que se faz necessário o "grito" ou "movimentações provocadas" pela aclamação e determinação, para que você mostre que DEUS se faz presente em sua vida. É preciso ter cuidado com uma vida justa. Ser reto, moralmente, não significa ser alguém que foi justificado.

Somos estuprados espiritualmente quando a pessoa, pelo seu prazer individual, obriga-nos a sentir o "gozo" do Espírito. O Apóstolo Paulo, chama nossa atenção e deixa bem claro as diferenças, conforme Gálatas 5:16-25, vejamos:

16. Por isso digo: deixem que o Espírito guie sua vida. Assim, não satisfarão os anseios de sua natureza humana. 17. A natureza humana deseja fazer exatamente o oposto do que o Espírito quer, e o Espírito nos impele na direção contrária àquela desejada pela natureza humana. Essas duas forças se confrontam o tempo todo, de modo que vocês não têm liberdade de pôr em prática o que intentam fazer. 18. Quando, porém, são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei. 19. Quando seguem os desejos da natureza humana, os resultados são extremamente claros: imoralidade sexual, impureza, sensualidade, 20. idolatria, feitiçaria, hostilidade, discórdias, ciúmes, acessos de raiva, ambições egoístas, dissensões, divisões, 21. inveja, bebedeiras, festanças desregradas e outros pecados semelhantes. Repito o que disse antes: quem pratica essas coisas não herdará o reino de Deus. 22. Mas o Espírito produz este fruto: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, 23. mansidão e domínio próprio. Não há lei contra essas coisas! 24. Aqueles que pertencem a Cristo Jesus crucificaram as paixões e os desejos de sua natureza humana. 25. Uma vez que vivemos pelo Espírito, sigamos a direção do Espírito em todas as áreas de nossa vida.

Quero reafirmar o que o verso 25 nos falou: "Uma vez que vivemos pelo Espírito, sigamos a direção do Espírito em todas as áreas de nossa vida". Somos nascidos de novo. O novo Nascimento nos proporciona uma nova realidade, uma vida que não possui conexão terrena e sim espiritual. Passa-se a ser dirigido pelo Espírito Santo de DEUS e não podemos ser levados ou obrigados a vivenciar algo que alguém determina sobre minha vida. É pessoal! É prazeroso! É Bom! É Perfeito.

Quando voltamos a Abrão e Sarai e, passamos a obedecer aos desejos terreno, tentando ajudar naquilo que seria Divino, acabamos provocando o erro, como no caso deles, trouxe-nos o fruto das guerras. Quando obedecemos aos desejos espirituais e deixamos DEUS agir em nosso coração e mente, passamos a viver de uma forma extraordinária.

Desfrute do melhor de DEUS...

Viva em Vida Plena.



BIBLIOGRAFIA

Bíblia Sagrada, Nova Versão Transformadora. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/nvt>. Acessado em 24 set 2019.

PARANAGUÁ, Glenio Fonseca. Na escola do discernimento. Londrina: IDE, 2017.



[1] Pastor. E-mail: robinson.luis@bol.com.br
[2] Disponível em: <https://www.dicio.com.br/estupro/>. Acessado em: 24 set 2019.

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