Robinson
L Araujo[1]
"Mostre
a direção da vida para seus filhos - e, mesmo quando forem velhos, eles não se
perderão". (Provérbios 22:6).
A
família, a escola, bem como outras instituições, possuem um papel fundamental na
educação e condução da criança na preparação para a vida adulta, mostrando-lhe
os riscos, as possibilidades; onde encontrar apoio, o que fazer nas horas de desânimo
e fracassos, pois são riscos que estão como pedras no caminhar da existência e
sujeitos a tropeçar.
Sobre
o fator responsabilidade, a LDB 9394/96 assegura:
Art.
2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (LDB, 1996).
De
acordo com Rego (2003), a família e a escola dividem funções sociais, políticas
e educacionais, conforme colaboram e influenciam a formação do indivíduo. Conforme
Dessen e Polonia (2007):
Na
instituição escolar, os conteúdos curriculares certificam o ensino e
aprendizagem do conhecimento onde há uma maior preocupação por parte da escola.
Na família, as preocupações principais já são outras, entre elas o processo de
socialização da criança, como também a proteção, as condições básicas e também
o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo de seus componentes.
Ambas
as instituições realizam um trabalho educacional com a criança, porém um pouco
diferenciado, mas com o mesmo nível de importância.
Somando-se
as afirmações anteriores, em uma pesquisa coordenada por Koller (2004) sobre
risco de proteção na realidade brasileira, envolvendo 10 cidades, entre
capitais e cidades do interior, foram identificados os seguintes fatores de
risco[2],
tais como:
- Vivência de situações físicas
ou sexuais negativas no ambiente doméstico
- São situações em que a criança e/ou adolescente são agredidos com os
objetivos ou sofrem abusos sexuais dentro de sua própria casa.
- Vivência de situações
emocionais negativas na comunidade - Ocorre quando a
criança e/ou adolescente é alvo de ameaças na escola, comunidade, igreja,
centro comunitário, clubes ou locais de festa.
- Vivência de situações físicas
ou sexuais na comunidade - São situações em que
a criança e/ou adolescente sofrem agressões ou são explorados sexualmente
na comunidade onde vivem.
- Vivência de situações
negativas e potencializadoras de dano nas esferas social, econômica,
judicial, policial, de saúde, entre outras
- é comum, na atualidade, nos depararmos com situações de fome,
negligência, privação de liberdade.
De outros
estudos, podem ainda ser acrescentados os seguintes fatores de risco: divórcio
dos pais, perda de entes queridos, pobreza, fatores sociais reforçadores de
situações de violação de direitos da criança e do adolescente, entre outros. Refletindo:
Como pais e educadores, precisamos estar atentos a todos esses fatores de
risco, cumprindo nosso papel de cuidar e educar. Como reagir a estes fatores de
risco para com a criança e/ou adolescente?
Os pais
possuem um papel fundamental. Tanto é que, DEUS pede que Moisés transcreva algo
para o povo de Israel, podendo ser lido em Deuteronômio 6:6-9, que afirma:
Escrevam
no coração os mandamentos que estou transmitindo a vocês. Apropriem-se deles e
levem seus filhos a se apropriar deles. Que eles sejam o assunto de sua
conversa, onde quer que vocês estiverem — sentados em casa ou andando pela rua.
Que eles sejam repetidos desde a hora em que vocês se levantam, de manhã, até a
hora de cair na cama, à noite. Que eles estejam amarrados na mão e na testa de
vocês, como lembretes, e até escritos no batente da porta das casas e nas portas
das suas cidades.
Aqui
se pode ver o compromisso que os pais devem ter na formação de seus filhos. Aquilo
que é responsabilidade dos pais, não deverá ser transferido para a escola ou
outras instituições. É responsabilidade paterna e materna.
A
referida pesquisa leva a outras descobertas, informando fatores de proteção que
não podem ser negligenciados, como por exemplo:
- Atributos
disposicionais das pessoas: nível de atividade e sociabilidade,
autoestima, autonomia, entre outros - Sendo importantes
para o desenvolvimento saudável dos filhos.
- Os laços afetivos no
sistema familiar e/ou em outros contextos que ofereçam suporte emocional
em momentos de estresse - É um elemento
fundamental na educação. Uma relação permeada pela afetividade gera segurança
nas tomadas de decisão.
Faz-se
necessário que os sistemas de rede de apoio social (proteção), sejam: na
escola, no trabalho, na igreja, no serviço de saúde, venham proporcionar
competência e determinação individual e um sistema de crenças para a vida. Reafirmando
o que diz Deuteronômio 6:6-9.
Como
responsabilidade dos pais ou as pessoas responsáveis por desenvolverem os
atributos de paternidade, devem valorizar os momentos em família em que a boa
convivência entre os familiares se coloca como um fator de proteção - fato
desprezado atualmente. Um lugar que se pode desenvolver a convivência, e de
forma simples, são os momentos em que a família se alimenta. Seria oportuno o
sentar-se em volta da mesa e chamar para o diálogo, demonstrando amor e
preocupação com a outra pessoa, principalmente, com as crianças.
Sobre
esta relação a psicóloga Ângela Dantas, professora da Faculdade de Psicologia
da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO) escreve que:
[...]
é por meio das relações familiares que podem surgir condições favoráveis ou
desfavoráveis ao bem-estar psicológico do sujeito em formação. [...] As
crianças podem se sentir inseguras ou desinteressadas pelos deveres escolares
ou pela aprendizagem quando os pais não acompanham de perto o rendimento
escolar delas [...] os pais que se envolvem com a Educação dos filhos podem
colaborar para que a criança assimile melhor valor como responsabilidade,
compromisso, gosto pelos estudos e respeite mais seus limites (TRIBUNA DO
PLANALTO, 2012).
Valores
estes que, entende-se, não cabem à escola desenvolvê-los, interferindo na
cultura do aluno, mas sim, ressignificá-los de acordo com as normas de
convivência social. É, portanto, na família e na escola que a criança recebe as
maiores influências para a sua formação. Se isto for estabelecido a partir do
diálogo, do respeito e da ética, certamente a criança fará suas escolhas
pautadas no bem. Como a aprendizagem se constrói ao longo da vida, esta
dependerá da maneira como será conduzida, bem como pelo contrato implícito
entre família e escola como condição essencial para se obter sucesso tanto na
aprendizagem, quanto na formação.
Além
do mais, é de importância o ensinar a enfrentar as dificuldades, mostrando-lhes
como podem passar pelas dificuldades e vencê-las, desde muito cedo, aprendendo
a enfrentá-las de forma segura. Sendo assim, faz-se necessário que se pegue na
mão e lhes mostre o caminho para um viver saudável e seguro. Efésios 6:4,
afirma: "Pais, não provoquem seus filhos, sendo duro demais para eles.
Tratem de segurá-los pela mão para guiá-los no caminho do Senhor".
Outro
fator importante e que tem sido negligenciado pelos pais é a correção. Correção
não é sinônimo de espancamento ou tortura física, psíquica ou social. Bem afirma
Colossenses 3:21, que diz: "Pais, não sejam severos demais com seus
filhos, pois acabarão esmagando o espírito deles". É necessário que se
ponha limites nos filhos!
LEMBRE-SE
Cultive
a amizade com seus filhos; Procure conhecer e conviver com os amigos dos filhos.
É importante que se saiba com quem eles estão e o que estão fazendo. Como afirmado
em I Coríntios 15:33, que diz: "...Lembre-se: 'As más companhias destroem
os bons hábitos".
Não
se envergonhe em buscar informações. A melhor forma de proteger os filhos é
conhecendo os riscos e os fatores de proteção para poder agir.
Que
DEUS capacite a cada um no cuidado das crianças que Ele têm confiado a cada um
de nós, seja como pais, responsáveis, professores. Instituições como família,
escola, igreja, sociedade.
Que se
possa viver e caminhar em Vida Plena.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei 9394/96.
Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 18 out. 2018.
DESSEN, Maria Auxiliadora;
POLONIA, Ana da Costa. A família e a Escola como contextos de desenvolvimento
humano. Scielo Brasil, Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil,
p.21-32, 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pbf/paideia/v17n36/v17n36a03.pdf>. Acesso em: 5
abr. 2014.
GRANDO, Anaxandra Pancote. ESCOLA
E FAMÍLIA: UMA PARCERIA POSSÍVEL. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2012/2012_unicentro_gestao_artigo_anaxandra_pancote.pdf>.
Acesso em: 19 out. 2018.
PETERSON, Heugene
H. Bíblia A MENSAGEM em Linguagem
Contemporânea. São Paulo: Editora Vida, 2011.
REGO, T. C. Memórias da
Escola: Cultura Escolar e Constituição de Singularidades. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2003.
[1] Pastor - e-mail: robinson.luis@bol.com.br
- www.vivendoemvidaplena.teo.br
[2] SOUZA, Aoralda Adur de; LUZ, Araci
Asinelli. Família e Escola em rede de
proteção. Coleção Família & Escola, volume 4.
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