Robinson
L Araujo[1]
INTRODUÇÃO
Alguns
anos atrás, um amigo pastor, foi chamado em virtude de uma possessão demoníaca
de um jovem que levou sua vida amarrada na magia negra, com consagração e pacto
de sangue.
Ao argumentar
quem estava possuindo o corpo do jovem, o espírito disse que se chamava
"maioral" e, ainda perguntou: quem eram os crentes para saberem o
sofrimento de Jesus Cristo na cruz? Ele sabia o que Jesus havia sofrido, pois
estava lá e, se aqueles que se dizem crentes soubessem o verdadeiro sofrimento
que Ele havia padecido pela humanidade, daríamos mais valor!
O
discípulo Lucas, narra em seu livro, no capítulo 23, versículo 33, que diz:
"Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram a ele, e
também aos malfeitores, um à direita, e outro à esquerda".
Sentados
em nossas cadeiras cativas dos cultos de domingo, realmente torna-se impossível
saber o nível de dor e sofrimento que Ele passou. Temos a liberdade de crer e
aceitar tamanho sacrifício e valorizar tamanho amor, por meio de um viver
segundo a Sua vontade.
Nossas
apresentações que geralmente acontecem na Páscoa, pouco refletem o sofrimento
na Cruz do Calvário. Ele se dispôs; se entregou; foi por amor!
Sendo
assim, Deparei-me com um texto narrativo, na visão de um médico sobre a
crucificação de Jesus Cristo. Passo a passo ele mostra nos mínimos detalhes as
dores e o sofrimento de Jesus. Creio que Seu amor superou tudo, por mim, por
você.
1. A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS NA VISÃO DE
UM MÉDICO
O médico
em questão chama-se Pierre Barbet[2],
Ao realizar vários experimentos, Barbet introduziu um conjunto de teorias sobre
a crucificação de Jesus[i]
[ii]
[iii].
Ele é quem fez, até agora, o estudo médico mais completo da paixão de
Cristo, conforme se deduz do Santo Sudário (Cf.
La Passione di N. S. Gesu Cristo secondo el chirurgo, L. I. C. E. Torino).
Leia seu relato:
“Sou
um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de
cadáveres e durante a minha carreira estudei anatomia a fundo. Posso, portanto
escrever sem presunção a respeito de morte como aquela.
Jesus
entrou em agonia no Getsêmani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a
escorrer pela terra. O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas.
E o faz com a precisão de um clínico. O suar sangue, ou “hematidrose”, é um
fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é
necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado
por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia
terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado
Jesus.
Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão
sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre
a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra. Conhecemos a farsa do
processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o
desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a
flagelação de Jesus.
Os
soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A
flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas
bolinhas de chumbo e de pequenos ossos. Os carrascos devem ter sido dois, um de
cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada
por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera
e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de
dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em
uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não
estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue. Depois o
escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os
algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os
espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o
quanto sangra o couro cabeludo).
Pilatos,
depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para
ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da
Cruz; pesa uns cinquenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o
Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular,
cheia de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso é de cerca
de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai
sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas.
Quando
ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso. Sobre o
Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a
sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz. Quem já tirou uma
atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de
tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações
nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento.
Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope[3],
mas ainda não é o fim. O sangue começa a escorrer.Jesus
é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos.Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas.
Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos
pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado),
apoiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e
o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O
nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado;
uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se
pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode
provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos:
provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é
destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o
prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como
uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada
movimento, vibrará despertando dores dilacerantes.
Um
suplício que durará três horas. O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade
da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé;
consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam-se à estaca vertical.
Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical.
Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera.
As
pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de
Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de
apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam
pontadas agudas de dor. Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não
bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está
semiaberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima,
mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma
vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo
aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus.
Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os
deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como
acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania,
quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas
imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os
respiratórios.
A
respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não
consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como
um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho,
depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico. Jesus é
envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais se esvaziar. A
fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.Mas o que
acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio
sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a
tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se
mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez
inicial. Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes
porque não sabem o que fazem”. Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de
novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele
na cruz: cada vez que quer falar, deverá levar-se tendo como apoio o prego dos
pés. Inimaginável! Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado,
enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las.
Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura
diminui. Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura três horas.
Todas
as suas dores, a sede, as câimbras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos,
lhe arrancam um lamento: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”. Jesus
grita: “Tudo está consumado!”. Em seguida num grande brado diz: “Pai, nas tuas
mãos entrego o meu espírito”. E morre. Em meu lugar e no seu.”
2. A NARRATIVA BÍBLICA
Importante
que se conclua toda a narrativa do médico sobre a crucificação de Jesus Cristo,
tendo como base a Bíblia Sagrada. Sendo assim, vejamos o anuncio de todo o Seu
sofrimento, descrito em Isaías 3:1-11, que afirma:
Mas,
quem acreditou na nossa pregação? A quem revelará Deus o seu poder salvador?
Aos
olhos de Deus, ele era o delicado rebento duma planta, que brota duma raiz numa
terra seca e estéril. Mas aos nossos olhos não tinha atrativo nenhum, nada que
nos fizesse interessarmo-nos por ele.
Desprezamo-lo
e rejeitamo-lo. Era um homem de sofrimentos experimentado nas mais amargas
provações. Voltávamos-lhe as costas e olhávamos para o outro lado quando
passava perto. Era desprezado e não lhe ligávamos importância nenhuma.
Contudo
ele tomou verdadeiramente sobre si as nossas enfermidades; e os nossos sofrimentos
pesaram sobre ele. Pensamos que era afligido, castigado por Deus, humilhado!
Mas ele
foi ferido pelas nossas transgressões, e esmagado pelas nossas culpas! Foi
castigado para que pudéssemos ter paz; pelas suas feridas fomos sarados.
Perdemo-nos
como ovelhas tresmalhadas! Deixamos o caminho certo para seguir a nossa própria
via. Contudo Deus fez cair sobre ele os pecados e a culpa de cada um de nós.
Foi
oprimido e afligido; mas nunca disse uma palavra de revolta ou lamento. Foi
levado como um cordeiro para o matadouro; e tal como a ovelha está muda perante
os que a tosquiam, assim ele se manteve em silêncio na frente dos que o
condenavam.
Após a
prisão e o julgamento levaram-no então para a morte. Mas, afinal, quem de entre
o povo, naquele dia, se deu conta de que era pelos pecados deles que ia morrer,
que estava a sofrer o castigo que deviam eles ter suportado?
Foi
sepultado como um criminoso; puseram-no no túmulo de um rico. A verdade é que
ele nunca cometeu pecado, e nunca enganou.
Contudo
foi o bom plano do Senhor que ele fosse moído e cheio de aflições. Mas quando a
sua alma for oferecida por expiação do pecado, então terá uma multidão de
filhos, uma posteridade imensa. E tornará a viver; os planos de Deus hão de
prosperar nas suas mãos.
E
quando vir que tudo isso foi realizado através da angústia da sua alma, ficará
satisfeito. Por causa de tudo por que passou, o meu Servo justo fará com que
muitos sejam considerados justos perante Deus, visto que levará todos os seus
pecados. (Bíblia - O Livro).
O
profeta já narrava o Martírio de Jesus Cristo. Não teria outra maneira de nos
libertar das garras do inimigo que, acaba por cegar e levar pessoas ao não
acreditar que realmente Jesus veio, como Filho de DEUS e sendo o próprio DEUS
CONCLUSÃO
É um
relato cruel! É prova de um amor descomunal, impraticável por uma pessoa. Quem daria
sua própria vida por amar a outra, suportando tamanho sofrimento?
O Apóstolo
Paulo fala aos Coríntios:
Se
ainda um véu permanece sobre o nosso Evangelho, naqueles que perecem está o
véu, nos quais o deus deste mundo cegou as mentes dos incrédulos, para que não
lhes raiasse a luz do Evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.
(2 Coríntios
4:3,4 - Bíblia Sociedade Bíblica Britânica).
João
ainda afirma: "Mas a todos os que o receberam, aos que crêem em seu nome,
deu ele o direito de se tornarem filhos de Deus: os quais não nasceram do
sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus".
(João 1:12,13
- Bíblia Sociedade Bíblica Britânica).
Ele
veio para que todos tenham vida e vida Plena (João 10:10b - A Mensagem). Para
que essa vida seja plena, é preciso que se entregue e aceita tamanho amor.
Nunca é tarde e nem muito cedo para que se espere. O momento é agora de
aceitá-lo como Senhor da vida.
Faça
a seguinte oração: "Senhor, após ler sobre o sofrimento que fizeste
naquela cruz, sabendo que eu não suportaria mas, o Senhor suportou por amor a
mim, eu reconheço tamanho sacrifício e entrego minha vida para que sejas Senhor
e Salvador. Que aquele sangue derramado pelas feridas, seja derramado em minha
vida, me libertando dos cárceres do pecado e do juízo que está sobre mim. A partir
de agora, meu coração pertence a Ti e que Seu Espírito Santo, possa fazer
morada em meu coração e mente, direcionando meus passos e pensamentos para uma
vida eterna ao Teu lado. Em nome de Jesus Cristo, amém!"
REFERÊNCIAS
BARBET, Pierre. A Crucificação de
Jesus na Visão de um Médico. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Pierre_Barbet_(physician)>.
Acessado em: 26 jun. 2018.
SINCOPE. Disponível
em: <https://medicoresponde.com.br/o-que-e-uma-sincope/>. Acessado em: 26
jun. 2018.
Bíblia o Livro. Disponível em: <https://www.bibliaonline.
com.br/ol>. Acesso em: 24 jun. 2018.
Bíblia Sociedade Bíblica Britânica. Disponível
em: <https://www.bibliaonline. com.br/tb>. Acesso em: 24 jun. 2018.
PETERSON, Heugene H. Bíblia A MENSAGEM em Linguagem
Contemporânea. São Paulo: Editora Vida, 2011.
[1] Pastor. Bacharel em Teologia e
Licenciado em Filosofia. E-mail: robinson.luis@bol.com.br
[3] Síncope
é uma perda temporária da consciência provocada por uma diminuição do
fluxo sanguíneo cerebral. Também conhecida como desmaio, a síncope
normalmente tem início súbito, dura pouco tempo e a recuperação é total e
espontânea. Os sinais e sintomas da síncope incluem fraqueza muscular
generalizada, incapacidade de se manter em pé, palidez, pulsação fraca,
transpiração e perda da consciência.
[iii]
Barbet, Pierre. Doutor no Calvário: A
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo Como Descrito por um Cirurgião , Nova
York: Image Books, 1963, originalmente publicado em 1936.
Que prova de amor Jesus teve por todos nós!
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