domingo, 13 de maio de 2018

ME CONHECE COMO NINGUÉM




Robinson L Araujo[1]

Hoje, gostaria de discorrer um pouco sobre uma história fantástica, narrada no livro de João, capítulo 4, que fala a respeito de uma - Mulher à Beira do Poço.

Pode-se relacionar esta história a realidade atual, onde pessoas estão sendo sufocadas, oprimidas e aprisionadas por situações que acabam a procurar um afastamento do outro, gerando assim, um distanciamento que oprime a alma, aprisionando-se no cárcere do seu "EU", devido à falta de compreensão e diálogo. Onde a acusação acaba por se tornar um martírio.

Aquela mulher que Jesus encontrou no poço, estava entre o caminho da Judeia para a Galileia (v.3) e, sendo preciso passar por Samaria (v-4). Os samaritanos eram um grupo religioso que tinha conflito com os judeus no tempo de Jesus. Eles viviam na região de Samaria e misturavam o judaísmo com outras crenças. Jesus escandalizou muitos judeus porque não rejeitava os samaritanos.

Ali, o Messias encontra um poço e se assenta sobre ele (v.6). Em seguida, uma mulher samaritana veio buscar água (v.7). É importante que se saliente que a água é um bem necessário para nosso organismo, serve para saciar a sede, refrescar, banhar e limpar. Imediatamente, o Mestre dirige a palavra a ela e pergunta: "Poderia me dar um pouco de água"?

Ela se assusta e questiona-O: "Como pode um judeu pedir alguma coisa a mim, uma samaritana"? (v.9). Aqui está o ponto. Diálogo, que pela sua falta, acaba por bloquear um relacionamento, as circunstâncias além da necessidade humana, no caso especial, à alma.
Não diferente, coloca-se barreiras nas pessoas por suas aparências, seus estilos, seus pensamentos e por seus sonhos. Na era da informática e de redes sociais - vejo como uma ferramenta/elo de importante aproximação de pessoas - elas por sua vez, acabam proporcionando um isolamento, propiciando situações como a daquela mulher. Pelas diferenças, pessoas se afastam e deixam de criar um diálogo, até mesmo para quem busca ajuda, ou somente quando necessita "desabafar". Criam-se barreiras e acaba por aprisionar-se no seu próprio eu.

É fato que, em muitos casos, a própria "religião" acaba por colocar essa barreira entre as pessoas, como no caso narrado, acabando por esquecer que o amor de DEUS vai além. Veja só a reação dos discípulos: "Naquele momento, os discípulos chegaram e ficaram escandalizados. Não podiam acreditar que o Mestre estivesse conversando com uma mulher daquele povo. Ninguém disse nada, mas a fisionomia deles dizia tudo" (v.27).

Mas aquele que está disposto a romper as barreiras, não se importa tanto com a opinião dos outros, ele acaba por envolver-se em um diálogo que trará liberdade dos "cárceres" que ora aprisionam uma pessoa. Prova é que Jesus fala: "Se você conhecesse a generosidade de DEUS e soubesse quem sou Eu, pediria água a mim, e Eu lhe daria água pura, água da vida" (v.10).

Novamente o diálogo criado menciona a "água" como sendo um elo de aproximação no assunto, fomentado o diálogo e não fosse perdido. Só que, uma água mais pura, não de um poço. Nos dias atuais, poder-se-ia dizer: "água filtrada, clorada e fluoretada", ou seja, água boa.

É possível afirmar que, com a chegada dos discípulos e após ver o reflexo de desprezo em seus rostos pelo fato de Jesus estar falando com ela que, ela acaba por ir embora, veja: "A mulher aproveitou a oportunidade para se retirar" (v.28). Por vezes, pessoas acabam por se afastarem, devido ao desprezo e barreira que se cria em conseqüência do que elas estão vivendo.

Ela se retira. Mas, o diálogo estava dentro de sua mente, o momento em que alguém ficou a disposição para ouvi-la, acaba por marcar e ela achou o máximo. Alguém que ela não conhecia e falou sobre sua vida pessoal: "Venham ver um homem que sabe tudo a meu respeito, que me conhece como ninguém" (v.29), sem, porém a condená-la. Houve abertura de diálogo, aproximação, compaixão e interesse por suas necessidades, ao ponto dela se encantar.

"... Ele sabe tudo a meu respeito, me conhece muito bem" (v.39). Em tempos de falta de tempo, correria devido aos compromissos, busca cada vez mais trabalho para ganhar mais dinheiro, interesses pessoais, como no caso o exemplo dos discípulos quando, deixaram o Mestre para providenciar comida (v.8) perdendo a oportunidade de ouvir uma pessoa.

É preciso atentar ao exemplo do Mestre dos mestres, quando a mulher afirmou "me conhece muito bem". Pais é preciso conhecer mais seus filhos; Maridos e esposas, é necessário que conheçam os desejos, as decepções um do outro. Empregador e colaborador..., o diálogo é possível. Pessoas estão à beira de um colapso interior por não encontrarem alguém para dialogar.

O dialogar por meio de um "aparelho" pouco efeito terá, pela falta do calor humano, do abraço, da fala, do estar juntos. Precisamos conhecer mais as pessoas e somente se conhece alguém, quando se está juntos.


[1] [1]  Pastor, Teólogo, Especialista em Aconselhamento Psicológico Pastoral e Terapia de Família. Autor do Livro "O Bom Samaritano".


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