FAZ-SE
NECESSÁRIO VIVENCIAR O AMOR ÁGAPE
Robinson
L Araujo
Que amor
é esse? Com o que ele se parece?
Segundo
(KRAYBILL, 2017), o amor Ágape flui do Rei do reino. Se torna o novo
modelo de governar. Sendo uma palavra grega, significa ‘amor incondicional’. Totalmente
altruísta, supera paixão, amizade e benevolência, superando até mesmo o
interesse próprio. Vai além de um sentimento altruísta - ele age – Ele ama
aqueles que não são amáveis, até mesmo inimigos. Compaixão, generosidade,
perdão, misericórdia – são a essência do Ágape.
Diante
das características que devem acompanhar o amor Ágape, quero convidar
você para fazermos uma reflexão em cima do, sendo: A Parábola do Filho Pródigo,
em Lucas 15:11-32.
Nessa
parábola, Jesus conta uma história para esclarecer o amor de DEUS. No enredo DEUS,
pecadores e fariseus são retratos na história por um pai, um filho fugitivo e
um irmão queixoso.
Assim,
vemos um filho mais novo que, conforme costume judeu, tinha direito a um terço
da propriedade de seu pai, que seria recebido por testamento na morte do pai
ou, em vida por doação do pai, podendo usufruir somente após sua morte. Sendo uma
forma de honrar o pai, na velhice, cuidando financeiramente dele. Não lhe era
permitido esbanjar o que fora dado por seu pai em vida, enquanto ele tivesse
vivo.
Diante
de sua ânsia pela herança, acaba por violar alguns costumes culturais, como:
Ele exige sua parte da propriedade antes da morte de seu pai – v.11, “quero a
minha herança agora mesmo”; ele deixa e casa de seu pai e vai para outro lugar,
esbanjando tudo que recebera, desprovendo assim, da possibilidade em ajudar seu
pai na velhice, honrando-o com o próprio recurso de seu pai; com essa atitude,
acaba tornando-se uma pessoa rude, tratando seu pai como estivesse morto – v.13,
"Alguns
dias depois, o filho mais jovem arrumou suas coisas e se mudou para uma terra
distante, onde desperdiçou tudo que tinha por viver de forma desregrada”.
Após gastar
toda a herança, ele passa a cuidar de porcos, mas não somente a cuidar de
porcos, como também a se identificar com os mesmos quando, deseja se alimentar
com alimentos que os animais recebiam, sendo um insulto cultural – v. 15-16, “Convenceu
um fazendeiro da região a empregá-lo, e esse homem o mandou a seus campos para
cuidar dos porcos. Embora quisesse saciar a fome com as vagens dadas aos
porcos, ninguém lhe dava coisa alguma”. Além do trabalho ser proibido na
cultura judaica, por serem os porcos imundos, eram considerados a própria
morada dos demônios.
Agora,
imagina a vergonha daquele pai! Vejamos o que (KRAYBILL, 2017, p. 243) nos informa:
Os escribas da aldeia seguramente
zombavam dele. Por que, em primeiro lugar, ele, de forma tola, entregou a
propriedade a seu filho sendo tão jovem? Os vizinhos devem ter desprezado o
velho com gargalhadas. O filho tinha destruído a reputação, a estima e a honra
de seu pai. Que vergonha! Esse pai jamais estaria novamente apto para a
liderança na sinagoga.
Com certeza,
aquele pai teria todas as ‘cartas nas mangas’ para se vingar do filho rebelde e
desprovido de amor e sentimentos para com seu pai e família. Diante de um filho
egoísta, tinha todo o direito de repudiar o filho, demonstrando ainda sua autoridade
diante daqueles que acompanharam tal ato e acabavam criando fofocas.
Mas,
não é isso que vemos. Esse pai era diferente dos costumes judaicos. Por um
filho, ele passa a quebrar toda a rigidez da lei, ora escrita, ora falada. Não se
preocupa com que as pessoas comentam! (KRAYBILL, 2017, p. 243), assevera-nos:
Porém, não este pai. Ele não
se defende. Ele não retalia para proteger seu status social. Ele não corre
atrás do filho com um grupo de busca. Ele dá a seu filho a liberdade de ir. Seu
amor por seu filho é maior do que a própria necessidade de aprovação social. Além
disso, espera pacientemente que seu filho volte. Ele nunca se esquece dele. Ele
vai até o caminho todos os dias – esperando, observando, com esperança e
expectativa.
Em meio
a seus conflitos internos, sabendo de tudo o que poderia ocorrer com ele, o
filho, no meio dos porcos, lembra de como era sua vida na casa de seu pai. Ele finalmente
percebe a estupidez de seus caminhos e volta. Mas não volta tranquilo, esperava
o pior. Como seu pai agiria depois de tamanha desonra? Os conflitos turbilhoavam
em sua mente. Mesmo diante de tudo o que poderia acontecer, decidiu ir
confessando seus erros, imploraria a seu pai, ao menos, fazê-lo como um simples
servo. Seria uma vida bem melhor do que estava vivendo! – v. 17, "Quando
finalmente caiu em si, disse: ‘Até os empregados de meu pai têm comida de
sobra, e eu estou aqui, morrendo de fome”.
Do outro
lado, aquele pai, como judeu, poderia dar várias respostas para aquele filho
rebelde, chamuscado de esterco de porcos, imundo fisicamente e culturalmente
pela Lei. Tinha o direito de bater à porta na cara do filho. Poderia ter inúmeras
reações, por honra e por estar protegido diante da lei. Afinal de contas, a desonra
estava sobre o filho e não sobre ele.
De forma
contrária as soluções justas e de senso comum, aquele pai vê seu filho
retornando. É movido por compaixão, parecendo um tolo, acolhe o rebelde em casa,
estendo um tapete vermelho para seu filho, por cada regra quebrada, conforme
exemplifica (KRAYBILL, 2017,
p. 244), vejamos:
1.
Ele
não espera que o filho bata. Sua compaixão o obriga a correr – v. 20, "Então
voltou para a casa de seu pai. Quando ele ainda estava longe, seu pai o viu.
Cheio de compaixão, correu para o filho...”. Era considerado indigno que uma
pessoa mais velha corresse. O pai não tinha ideia do que o filho diria. Correr para
ele certamente assinalaria o endosso de seus vícios;
2.
Então
o pai abraça o menino – v. 20, “... o abraçou”, quebrando outra regra de
etiqueta social. Abraçar era uma vergonha para uma pessoa idosa. Ele estava
recebendo um filho rebelde, coberto de esterco;
3.
Um beijo
– v. 20, “... e o beijou”. O símbolo bíblico de perdão. O pai zera a conta. Ele
recebe seu filho de volta do chiqueiro, não como escravo, não como empregado
contratado, mas como um filho – v. 24, “pois este meu filho estava morto e voltou
à vida. Estava perdido e foi achado!...”;
4.
O próximo
sinal de boas-vindas anuncia o filho como um convidado de honra. A melhor
túnica é colocada em torno dele – v. 22, "O pai, no entanto, disse aos
servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa da casa e vistam nele”. Esta bela
roupa era uma marca de alta distinção. Estava reservado para os convidados
reais, não para os filhos desobedientes;
5.
O filho
recebe uma aliança que simboliza a autoridade – v. 22, “Coloquem-lhe um anel no
dedo”. Ele não retorna como um merecedor de liberdade condicional e
estigmatizado, mas como alguém digno de poder e prestígio;
6.
Os sapatos
que os servos colocaram em seus pés – v. 22, “...e sandálias nos pés”, também
sinalizava seu alto status. Os homens livres usavam sapatos. Escravos andavam descalços.
Este filho recuperado retornaria como uma pessoa livre. Os servos iriam
servi-lo;
7.
Um bezerro
gordo foi morto – v. 23, “Matem o novilho gordo”. Carne de gado era reservada
para ocasiões especiais. O filho, que ontem comia com porcos, hoje tem bife no
jantar;
8. Não se ouve o som de chicote. Em vez
disso, ouve-se a música e os dançarinos se apresentam – v. 23, “Faremos um
banquete e celebraremos”. É hora de celebrar a ressurreição de um filho morto. Um
pecador voltou para casa. Vamos festejar! (versos acrescentados).
Um pai surpreende a todos com a sua
decisão de restituir – em seu caso ele nunca destituiu - a filiação para com um
rebelde. Acreditando que todos ficariam felizes com a volta de seu filho, é assombrado
com a fúria de outra pessoa que ele amava, que seria o herdeiro de dois terços
de suas posses, o filho mais velho.
Os barulhos
da festa surpreendem o filho mais velho quando ele retorna da labuta no campo
naquela noite. Rapidamente pergunta – v. 25-27, “Enquanto isso, o filho mais
velho trabalhava no campo. Na volta para casa, ouviu música e dança, e
perguntou a um dos servos o que estava acontecendo. O servo respondeu:
‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, pois ele voltou são e salvo”!
o insensato perdão do pai passa a ser ultrajante para ele
Uma festa
para um bastardo? Como assim? Realmente meu pai deve estar louco! Passa a
exigir de seu pai justiça e equidade, lamentando-se pela falta de reconhecimento
por tudo aquilo que seu trabalho representava. Além, de ser um filho obediente,
justo, respeitador e que não degradara os bens de seu pai que, mais tarde lhe pertenceria.
Já não é seu irmão, como afirmara ao pai - v. 30, “mas quando esse seu filho
volta...”, decidindo não participar da festa – v. 28, “O irmão mais velho se
irou e não quis entrar. O pai saiu e insistiu com o filho”. Como os escribas e
fariseus, ele se recusa a participar da festa, deixa de fazer parte do ‘gozo’ que
pairava sobre o lar. Algo surreal para aquele lugar.
Assim é
DEUS! Alguém surreal. Ele perdoa quando há arrependimento. Como aquele pai
judeu, que não comia carne de porco por ser um alimento impuro, abre os braços
e recebe seu filho impuro, aliado aos porcos, substituindo o impuro por algo
puro, carne de gado. Ao invés de espancar o filho por seus atos perniciosos, o
eleva ao mais respeitado lugar, convidado de honra.
Este é
o amor de DEUS para conosco! Muitas vezes nos julgamos melhores do que os
outros, como o filho mais velho, acabamos repudiando nosso semelhante por seus
atos, que a nosso ver, os fazem impuros pois, afinal de contas, nós somos
melhores.
Faz-se
necessário a mudança de atitude de nossa parte. Agirmos como DEUS age, por um
amor ilimitado, incondicional, sem amarras, transpirando a essência da natureza
de DEUS – amor Ágape.
REFERÊNCIAS
Bíblia Nova Versão Transformadora. Disponível em:
<https://www.bibliaonline.com.br/nvt/lc/15>.
Acesso em: 05 abr. 2025.
KRAYBILL, Donald B. O Reino de Ponta Cabeça. Bragança Paulista/SP: Mensagem para todos, 2017.